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Parto na água da maternidade Balbina Mestrinho é nova forma de nascimento ofertada no SUS

Experiência premiada nacionalmente, projeto da Secretaria de Estado da Saúde do Amazonas foi o único da região Norte certificado como inovação na Enfermagem

Experiência premiada nacionalmente, o parto na água oferecida pelo Centro de Parto Normal Intra-hospitalar (CPNI) da Maternidade Balbina Mestrinho, unidade da Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM), é, a partir de agora, uma das opções de nascimento oferecida no Sistema Único de Saúde (SUS).

O reconhecimento veio por meio do projeto nacional Laboratório de Inovação em Enfermagem, promovido pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), em novembro. Dezesseis projetos inovadores foram certificados em todo o país, sendo o parto na água o único da Região Norte.

Vanessa Nunes, deu à luz ao pequeno Ian Victor na água

Ser mãe sempre foi o sonho de Vanessa Nunes, de 32 anos. Casada há sete anos com Ivanilson Nunes, 32, ela deu à luz ao pequeno Ian Victor na água, uma forma não convencional, mas inspiradora para muitas mulheres que desejam ter um parto repleto de paz e felicidade.

A técnica do parto na água era conhecida por Vanessa somente pelos documentários a que ela assistia. A mãe considera o momento de dar à luz a realização de um sonho. “Era uma coisa muito fora da nossa realidade, porque isso (parto na água) só acontece entre os famosos e pessoas de classe alta. Quando tive o bebê aqui na Balbina Mestrinho, as pessoas achavam que eu estava em uma suíte presidencial”, brincou Vanessa, ao citar uma das duas suítes da maternidade adaptadas para o parto na água com banheira.

Vanessa com o marido e filho, cercada pela equipe multidisciplinar da Maternidade Balbina Mestrinho

Além da equipe de enfermeiros e da mulher grávida, o momento permite a presença de outros familiares, já que o parto na água não requer a presença de médicos ou a realização de procedimentos cirúrgicos. O pai da criança, Ivanilson, ficou emocionado ao assistir de perto ao nascimento do filho e participar do “Juramento do Pai”, durante o Corte do Cordão Umbilical.

“No momento em que você está com a tesoura para fazer o corte do cordão umbilical você está declarando aquele juramento. O processo em si já é emocionante, ainda mais com você fazendo aquela declaração, aquele compromisso na hora de cortar. Foi algo muito marcante, fora da minha realidade como pai de participar daquele momento de nascimento do Ian”, recordou Ivanilson.

Nova modalidade

A Maternidade Balbina Mestrinho teve o parto na água implantado em junho do ano passado, após a reestruturação do CPNI. A reforma, entregue pelo governador Wilson Lima, foi feita a partir de uma parceria entre a SES-AM e o Fundo de Promoção Social e Erradicação da Pobreza (FPS), integrando hoje o pacote de ações previstas no programa “Saúde Amazonas”.

A diretora da Maternidade Balbina Mestrinho, Rafaela Faria, que também é a autora do projeto, avalia o parto na água como motivo de orgulho para a saúde do Amazonas. “Nós empoderamos a mulher da sociedade amazonense para que hoje ela possa escolher como ela quer ter o seu filho. A família protagoniza isso. Na água, além de ser um cenário bonito, é um método não farmacológico do alívio da dor. A mulher consegue estar empoderada para ter seu bebê de maneira que não sinta a mesma dor ou mesmo trauma que ela tenha passado em outras modalidades de parto”.

Ela destaca ainda que o projeto, chamado de “Mudando a forma de nascer no Estado do Amazonas: implantação de parto na água, no CPNI da Maternidade Balbina Mestrinho”, é um incentivo do governo estadual ao cuidado das mães com seus bebês. Em outras palavras, é um estímulo para que as mulheres amazonenses tomem todas as precauções ainda na fase do pré-natal.

Atendimento humanizado

De acordo com a enfermeira obstétrica do Centro, Sonayra Andrade, no Centro de Parto Normal Intra-hospitalar da rede estadual de saúde, são ofertados atendimentos humanizados para estrangeiras, indígenas quilombolas e mulheres surdas. Além do parto na água, que está sendo retomado pela direção após ter sido suspenso, devido à pandemia, o CPNI implantou outras modalidades, como o parto de cócoras, na banqueta e na rede.

“Oferecemos várias posições, e aqui na banheira, se ela não quiser parir, ela pode pelo menos relaxar, porque a água fica morna, na temperatura ideal. É muito breve, e as coisas vão acontecendo de forma emocionante, de uma forma que a mulher sente prazer de ter tido seu bebê na água. É uma nova forma de nascer”, explica.

O modelo de parto na água só pode ser oferecido para mamães sem intercorrências na gravidez, como infecções urinárias, sangramentos, miomas ou qualquer tipo de problema diagnosticado em consultas médicas.

 Fotos: Bruno Zanardo/Secom

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