COLUNASOsíris M. Araújo da Silva

HIDROGÊNIO VERDE, COMBUSTÍVEL DO FUTURO, E A COP27

Osíris M. Araújo da Silva (*)

O hidrogênio é o elemento químico mais leve do universo, capaz de gerar um gás de múltiplas utilizações, potencializadas no processo de transição energética e mudanças de paradigma pelo qual, inexoravelmente, o mundo vem atravessando. Marcha que envolve não apenas a geração de energia, mas, igualmente, seu consumo e reaproveitamento. O conceito parte da migração de matrizes energéticas poluentes – como combustíveis fósseis à base de carvão ou petróleo (que estão com os dias contados) para fontes de energia renováveis, como hidrelétricas, eólicas, solares e de biomassas.

O processo, convém salientar, se estende ainda ao meio ambiente, gestão de resíduos, eficiência energética, digitalização e outros meios necessários para o mundo atingir o objetivo comum de reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e suas consequentes influências nas mudanças climáticas.

Há de se levar em conta, por outro lado, que o processo de transição energética ora em curso é mais uma tomada de consciência sobre o atual modelo de produção, consumo e reaproveitamento de energia, notabilizada pela forte influência exercida sobre as mudanças climáticas. Assim entendido, o hidrogênio verde conquista a condição de combustível do futuro, de transcendental importância para a economia do Planeta.

Segundo estimativas do Hydrogen Council, iniciativa que reúne CEOs de 92 empresas globais, com cerca de 80% da sua matriz energética renovável, o Brasil tem condições de se tornar protagonista tanto na produção quanto na exportação do combustível. De acordo com a instituição, um mercado que deverá atingir globalmente US$ 2,5 trilhões em 2050, respondendo por cerca de 20% de toda a demanda energética mundial.

Para a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), o hidrogênio verde é o elemento gerado por energia renovável ou por energia de baixo carbono, com zero de poluição ambiental. No Brasil, não obstante a matriz energética estar bem avançada, há populações isoladas que ainda dependem de usinas termelétricas locais, embora numa proporção de menos de 1% da carga total do sistema. Nesse curso, o país dispõe de uma base energética renovável considerável, que poderá representar 50% da matriz em 2022.

No campo da energia elétrica renovável, o país está ainda mais fortalecido, com cerca de 85% da matriz de geração originária desse espectro. Prova do bom desempenho do país em relação ao Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 7 (ODS- 7), da ONU, que trata de energia limpa. Daí a baixa participação do setor elétrico no total das emissões brasileiras de gases do efeito estufa (GEE).

A propósito, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas (FAEA) e da Comissão do Meio Ambiente da CNA, Muni Lourenço, destacou, em rede nacional, que a pauta da sustentabilidade ambiental, envolvendo a transição energética, é prioritária para a CNA e para o agro brasileiro. “A CNA, mais uma vez, estará participando da COP-27 deste ano no Egito assumindo um protagonismo à altura do agro brasileiro, tanto para a economia nacional quanto para a sustentabilidade ambiental e a segurança alimentar do nosso país e do mundo”, ressalta Lourenço.

Com autoridade de destacado líder da agropecuária nacional, Muni adiantou que a CNA representante de 5 milhões de produtores rurais do país, irá aproveitar a COP-27, que se realiza de 6 a 18 de novembro na cidade balneário de Sharm El Sheikh, Egito, para mostrar ao mundo a grande contribuição do agronegócio brasileiro

para a sustentabilidade ambiental do planeta. “Vamos mostrar o esforço do produtor rural brasileiro em construir uma agropecuária baseada na incorporação de novas tecnologias e aumento de produtividade visando a diminuição da pressão sobre o meio ambiente”. Outro ponto por ele destacado diz respeito à nossa legislação ambiental, “certamente uma das mais completas do mundo, fator que vem permitindo ao país ascender à condição de grande provedor de soluções ambientais e climáticas, sobretudo em relação às emissões de gases de efeito estufa (GEE)”, salientou.

*Osíris M. Araújo Silva é economista, consultor empresarial e escritor. Membro do Inst. Geográfico e Hist. do Amazonas, do GEEA do INPA e do Corecon-AM.

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