CULTURADESTAQUE

Caprichoso apresenta “Amazônia-Aldeia: o brado do povo”, na segunda noite de festival

A primeira noite do Festival de Parintins já está na história da memória de todos os torcedores do Boi Caprichoso, que testemunharam um projeto grandioso na arena do Bumbódromo. Neste sábado (25/06), o boi negro de Parintins mantém a grandiosidade do espetáculo e apresenta a noite “Amazônia-Aldeia: O brado do povo”, para evidenciar as lutas constantes dos povos e comunidades tradicionais da grande floresta.

“Resistir é reexistir. É trazer os sons dos muitos batuques emanados pelos mestres griôs brasileiros homenageados em nossa Marujada de Guerra, cuja cadência dá vida e voz às toadas caprichosas e altaneiras do Boi da Francesa e do Palmares”, afirma a direção do bumbá.

O Caprichoso, nos momentos iniciais da apresentação desta noite de sábado, destaca o item Figura Típica Regional.

“O Caboclo da Mata”, que vive em simbiose com seu meio. Para ele, a floresta não é um recurso a ser explorado, mas um ente vivo com o qual as relações são recíprocas e fraternas”, diz o enredo.

A alegoria é assinada pela dupla Marlúcio Pereira e Márcio Gonçalves, com momentos de grandes movimentos e transformações no Bumbódromo para encher de orgulho novamente o torcedor. A transmutação alegórica dá vida a Exaltação Folclórica “Boi de Quilombo”.

Neste ato, o Boi Caprichoso retrata o legado sociocultural dos povos africanos na Amazônia. Herança que foi por muito tempo renegada, sob a alegação de que pequenos
contingentes de escravizados não teriam deixado traços marcantes por esta região.

Em seguida, o Bumbódromo cantará “Maria Fumaça”, toada do compositor Ronaldo Barbosa para apresentar a Lenda Amazônica “Os trilhos da morte”.

A narrativa resulta do processo de construção da ferrovia Madeira-Mamoré (1907-1912), que fez permanecer no imaginário das populações do Vale do Guaporé, no estado de Rondônia, impressões sobre o desastre humano que ela representou e histórias de visagens que nunca abandonaram os batentes da estrada de ferro engolida pela mata, transformada em cemitérios para abrigar os restos mortais dos infelizes aventureiros, que nunca retornaram para suas casas.

A concepção alegórica deste momento é assinada pelo Artista Geremias Pantoja.

O item Ritual Indígena então pede passagem na apresentação com “Wayana-Apalai”. Os Wayana e os Apalai são povos de língua karib que habitam a
região de fronteira entre o Brasil (Rio Parú de Leste, Pará), o Suriname (rios Tapanahoni e Paloemeu) e a Guiana Francesa (alto Rio Maroni e seus
afluentes Tampok e Marouini). O artista Kenedy Prata, cria da Escolinha de Arte do Boi Caprichoso, constrói juntamente com sua equipe um grande momento alegórico para mostrar ao mundo encontro desses dois povos (Os Wayana e os Apalai) na arena do Bumbódromo.

A apresentação da segunda noite do boi negro da Amazônia termina com Momento Tribal Rito de Resistência “Mulheres-Floresta: As guardiãs da vida”, o qual evidencia a luta de mulheres guerreiras que até hoje inspiram movimentos de empoderamento feminino contra o patriarcado enraizado na sociedade vigente.

Neste atos, oCaprichoso se une a luta das mulheres indígenas, quilombolas, pescadoras, extrativistas, que unidas são sentinelas da resistência. São elas que mantêm a floresta de pé.

Para o presidente do Caprichoso, Jender Lobato, o manifesto do bumbá resgata lutas históricas e acompanha discussões atuais sobre a exploração desenfreada da Amazônia.

“Temos muito orgulhoso desse projeto, pois sabemos o quanto ele é atual e necessário. Nossa luta é pelo fim de toda ganância imposta à grande floresta, que assola e devasta populações tradicionais, proprietárias deste chão milenar. O Caprichoso vai manter a grandiosidade da primeira noite e tenho absoluta certeza que o torcedor sairá daqui, novamente, orgulhoso do boi negro de Parintins”, enfatiza.

Pular para o conteúdo