Concurso do TJAM mobiliza candidatos de todo o Brasil e marca retomada histórica após 10 anos
Presidente do Tribunal acompanha início das provas discursivas em Manaus, que também revelam trajetórias de superação e esperança
Após uma década sem realizar concurso para ingresso na magistratura, o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) iniciou, nesta terça-feira (8/4), a aplicação das provas do novo certame para juiz substituto. A primeira etapa, composta pela prova discursiva, reuniu 2.5 mil candidatos em quatro instituições de ensino superior da capital. O presidente do TJAM, desembargador Jomar Fernandes, esteve pessoalmente em um dos locais de aplicação para acompanhar a abertura oficial dos malotes com as provas, na Faculdade Martha Falcão, zona Centro-Sul de Manaus.
O concurso é organizado em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV) e ocorre em um momento simbólico, tanto pela longa espera desde a última edição quanto pela forte adesão de candidatos de várias regiões do país. “Ser juiz no Amazonas é um desafio pelas dimensões e pelas dificuldades logísticas, mas também é uma realização profissional, de servir à Justiça e garantir os direitos do cidadão”, afirmou o presidente do TJAM.
As provas estão sendo aplicadas na Faculdade Estácio, Faculdade Martha Falcão/Wyden, Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) e Universidade Paulista (Unip). Os portões foram abertos às 6h30 e fechados às 7h30, com o início das provas às 8h. À tarde, das 16h às 20h, ocorre a prova prática de Sentença Cível. A maratona segue nesta quarta-feira (9/4) com a prova prática de Sentença Criminal, das 13h às 17h.
O concurso oferece 26 vagas, sendo 14 de ampla concorrência, seis para pessoas com deficiência, cinco para candidatos negros e uma para indígena, além da formação de cadastro de reserva. A banca examinadora e a comissão organizadora do TJAM permanecem nos locais de prova durante toda a aplicação, com reforço da equipe coordenada pelo juiz Flávio Henrique Albuquerque.
Histórias que inspiram
Mais do que uma avaliação técnica, o concurso também tem revelado histórias comoventes de superação e dedicação. O servidor público Caelisson Lima, deficiente visual, participou da prova com o auxílio de uma profissional da FGV que leu todas as questões, conforme solicitado no momento da inscrição. “É algo desafiador e ao mesmo tempo motivador. Além das exigências da carreira, há o sentimento de contribuir com o bem-estar do cidadão”, disse ele, que perdeu completamente a visão aos 10 anos e vive no Amazonas há 17 anos.
Juliane Melo dos Santos, advogada cearense diagnosticada com autismo na fase adulta, também participou pela primeira vez de um concurso da magistratura. “Poder concorrer como PcD é algo muito significativo para mim. Estou ansiosa e emocionada”, relatou.
Outros candidatos também vieram de longe para concorrer a uma das vagas. A baiana Maria Eduarda Santana destacou o desejo de criar laços com o Amazonas. O brasiliense Alisson Oliveira compartilhou que ser juiz é um sonho desde o início da graduação em Direito. Já o carioca Ângelo Nunes da Silva, servidor público, chegou cedo ao local da prova e resumiu o sentimento do momento: “É uma mistura de emoções. Passar nesse concurso representaria uma nova fase para mim e para minha família.”
Prazos e recursos
De acordo com o edital, os candidatos poderão solicitar vista da prova nos dois dias úteis após a publicação do resultado preliminar das provas escritas, acessando o site da FGV (https://conhecimento.fgv.br/concursos/tjam24). Após essa etapa, será possível apresentar recurso em igual prazo, direcionado ao presidente da Comissão de Concurso.
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