Declaração de Plínio Valério sobre Marina Silva gera revolta e pedidos de punição
Fala considerada misógina e violenta mobiliza parlamentares, entidades e sociedade civil
A declaração do senador Plínio Valério (PSDB-AM) sobre a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, gerou forte repercussão e indignou parlamentares, entidades de defesa dos direitos das mulheres e setores da sociedade civil. Durante um evento da Fecomércio no Amazonas, na última sexta-feira (14), o senador afirmou: “Imagina o que é tolerar a Marina seis horas e dez minutos sem enforcá-la”, referindo-se à participação da ministra em uma audiência da CPI das ONGs.
A declaração foi amplamente condenada e considerada uma incitação à violência política de gênero. Parlamentares como as senadoras Zenaide Maia (PSD-RN), Leila Barros (PDT-DF) e Eliziane Gama (PSD-MA) criticaram duramente a postura de Plínio Valério e pediram que ele se retratasse publicamente. Para Zenaide, a fala do senador é “um claro exemplo de violência política contra mulheres” e não pode ser normalizada.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), também se pronunciou, classificando a fala como “infeliz” e ressaltando que declarações desse tipo servem como incentivo para a violência em uma sociedade já marcada pela polarização.
Por sua vez, Plínio Valério minimizou a declaração, afirmando que se tratava de uma “brincadeira” e que não se arrepende do que disse, embora tenha reconhecido que “talvez não repetisse” a mesma fala. Ele negou qualquer intenção machista e disse que convive diariamente com mulheres no ambiente de trabalho e na vida pessoal.
A ministra Marina Silva reagiu com firmeza, classificando a fala como uma “incitação à violência” e enfatizando que o episódio reflete a misoginia estrutural existente na política. “Se fosse um homem no meu lugar, ele teria dito o mesmo? Essas são as violências diárias que mulheres na política precisam enfrentar”, afirmou Marina.
A repercussão também chegou ao Conselho de Ética do Senado. Deputadas de nove partidos ingressaram com uma representação formal pedindo a punição do senador por quebra de decoro parlamentar. Elas argumentam que a fala de Plínio Valério reforça a violência simbólica e fere os princípios democráticos de respeito e civilidade no debate público.
Entidades da sociedade civil, como o Observatório do Clima, também repudiaram o ataque e cobraram uma resposta institucional do Senado. “Não podemos permitir que violência de gênero se normalize na política. Declarações como essa são um retrocesso e precisam ser combatidas com firmeza”, destacou a organização em nota.
O episódio levanta um debate mais amplo sobre a violência política de gênero no Brasil e a necessidade de criação de mecanismos mais eficazes para punir discursos que incitem a violência contra mulheres na esfera pública. O desfecho da representação no Conselho de Ética poderá indicar se o Senado irá adotar medidas concretas ou se o caso cairá no esquecimento, como tantas outras situações de violência verbal na política brasileira.
Fotos: Agência Senado