Expansão no diagnóstico da malária: Manaus amplia combate à doença na zona urbana
Com alta incidência na região, doença deixa de ser tratada apenas como problema rural e ganha reforço na detecção precoce nas unidades de saúde da capital
Por muito tempo, a malária foi vista como uma doença restrita a áreas rurais, próximas a igarapés e regiões de floresta. No entanto, a realidade de Manaus mostra que essa concepção precisa ser superada. Moradores da zona urbana, que frequentam essas áreas de risco, acabam manifestando os sintomas na cidade, onde o acesso ao diagnóstico ainda é limitado. Diante desse cenário, a Prefeitura de Manaus anunciou um plano de ampliação da rede de diagnóstico da malária, garantindo maior cobertura do atendimento em todas as zonas da capital.
Nesta quarta-feira (12/2), agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias participaram de uma reunião para alinhar as ações que serão implementadas ao longo de 2025. Atualmente, a rede municipal conta com 51 pontos de atendimento, dos quais 21 estão na área urbana. Com a ampliação, a meta é descentralizar o serviço, facilitando o acesso ao teste rápido e ao exame de gota espessa, fundamentais para um diagnóstico ágil e eficaz.
O subsecretário de Gestão da Saúde, Djalma Coelho, ressaltou a importância da nova estratégia. “O diagnóstico tardio da malária é um grande problema. Muitas vezes, o paciente demora a buscar atendimento por desconhecer os sintomas ou pela dificuldade de acesso a unidades de saúde que realizam o exame. Com a ampliação da rede, a testagem será mais acessível, permitindo que a doença seja identificada e tratada precocemente”, afirmou.

Quebrando o ciclo de transmissão
A malária é uma doença infecciosa transmitida pela picada da fêmea do mosquito Anopheles, infectada pelo protozoário Plasmodium. Seus sintomas incluem febre alta, calafrios, tremores, sudorese e dor de cabeça, e o tratamento precoce é essencial para evitar complicações. Embora tenha cura, a doença pode evoluir para quadros graves se não for diagnosticada a tempo.
A diretora de Vigilância Epidemiológica, Marinélia Ferreira, destacou que, enquanto a zona rural já possui uma rede de diagnóstico consolidada, a ampliação agora se volta para a área urbana. “Nosso objetivo é garantir que o paciente tenha acesso ao teste rápido e ao exame de gota espessa na unidade de saúde mais próxima de sua casa. Quanto mais cedo o diagnóstico, menor a chance de transmissão”, explicou.
Segundo a diretora, a implantação dos novos pontos seguirá um planejamento até abril, incluindo a capacitação dos profissionais de saúde. “A ideia é que os agentes comunitários e de endemias, que têm contato direto com a população, consigam identificar mais rapidamente casos suspeitos, acelerando o atendimento e o início do tratamento”, pontuou Marinélia.

Atendimento mais próximo da população
A expansão da testagem será baseada na análise de dados epidemiológicos e na capacidade das unidades de saúde. Regiões como as zonas Norte, Sul, Leste e Oeste serão contempladas, considerando a demanda local.
Para a agente de combate às endemias Lediane da Silva Mota, que atua na Base Operacional João Paulo, na zona Leste, a ampliação do serviço é uma necessidade urgente. “Trabalhamos diretamente com comunidades como Brasileirinho e Água Branca, onde a testagem e o tratamento são essenciais para evitar surtos. Com mais pontos de diagnóstico, conseguiremos identificar a doença mais cedo e iniciar o tratamento adequado”, destacou.
A expectativa é que, com a descentralização dos testes e a conscientização da população, Manaus consiga reduzir o número de casos e controlar a transmissão da malária, garantindo um atendimento mais ágil e eficiente aos pacientes.
Fotos – Divulgação / Semsa