DESTAQUEMEIO AMBIENTEREGIÃO AMAZÔNICA

Alertas de desmatamento seguem altos na Amazônia e no Cerrado, aponta Inpe

Dados mostram que é urgente a retomada das ações de comando e controle, que foram sucateados nos últimos anos

A devastação acumulada nos três primeiros meses de 2023 está em patamares extremamente altos no Cerrado e na Amazônia, de acordo com os dados do Sistema DETER, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A soma do trimestre é preocupante, mesmo com a queda dos alertas de desmatamento no Cerrado registrado no mês de março, em comparação com fevereiro.

Na Amazônia Legal o desmatamento atingiu 356 km² em março de 2023, segundo os dados do DETER. O número representa um aumento de 11 % em relação à área sob alerta de desmatamento em fevereiro (322 km²). A área acumulada de desmatamento registrada pelo DETER nos três primeiros meses de 2023 é a segunda maior da série histórica do DETER desde 2016 para a Amazônia, somando 845 km².

Os três estados com maior área desmatada detectada são Amazonas, Pará e Mato Grosso, que juntos acumulam mais de 81% da área total desmatada desde o início do ano na Amazônia Legal. O município de Apuí (AM) lidera o ranking de destruição.

O Cerrado teve 376km² desmatados em março de 2023, segundo o DETER. Apesar da redução de 33 % em relação à área sob alerta de desmatamento em fevereiro (558 km²), a área acumulada de desmatamento registrada pelos satélites nos três primeiros meses de 2023 é a maior da série histórica do DETER desde 2019, somando 1.375 km quadrados.

Os quatro estados que mais desmataram em fevereiro de 2023 compõem o MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), região que é considerada a principal fronteira de expansão agrícola no Brasil e uma das grandes frentes de destruição de ecossistemas do mundo. Juntos, os quatro estados contribuíram com mais de 69% da área desmatada no Cerrado em março. Nesses estados, lideram o ranking de devastação os municípios de São Desidério, Jaborandi e Barreiras, todos do Estado da Bahia.

Danos persistentes

Esse é o terceiro dado mensal do DETER após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tomou em janeiro uma série de medidas tendo em vista a retomada da pauta de proteção ambiental em nível federal, como o anúncio da criação do plano nacional para controle do desmatamento nos biomas brasileiros.

Porém, os altos valores registrados no desmatamento acumulado dos três primeiros meses do ano na Amazônia e no Cerrado indicam que os impactos concretos dessas políticas públicas não são imediatos – e que não será uma tarefa trivial reverter os danos causados pelo caráter anti-ambiental da gestão anterior.

Provavelmente a redução do desmatamento só ocorrerá quando houver uma reversão consistente da fragilização das instituições responsáveis pela fiscalização e quando o discurso do novo governo ganhar mais materialidade.

Para isso, é urgente a retomada das ações de comando e controle, fortalecimento dos órgãos que foram sucateados nos últimos anos, valorização dos povos da floresta e seus saberes e a implementação de uma economia sustentável.

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