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Cenário econômico favorece a renda fixa, investimento do ano

O cenário de juro alto combinado com a queda da inflação fez das aplicações em renda fixa a modalidade de investimento mais procurada no ano. Dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA) mostram que a captação líquida da renda fixa atingiu quase R$ 100 bilhões, no acumulado do ano, até o mês de setembro. Segundo a associação, esse tipo de investimento representa hoje quase 40% do patrimônio líquido da indústria de fundos, contra 35% em março de 2021, quando teve início o ciclo e elevação da taxa básica de juros.

Renda fixa é a categoria de investimentos em que o cálculo da remuneração é conhecido a priori. Ou seja, desde o início são conhecidos o prazo, a forma de pagamento e como são calculados os juros. A caderneta de poupança, tão conhecida dos brasileiros, é uma aplicação desse tipo. A renda fixa oferece aos investidores maior previsibilidade, além, é claro, do rendimento. E não é por acaso que atraíram tanto este ano, foi a combinação de juros mais altos com um processo de desinflação.

A subida da taxa básica de juros, a Selic, controlada pelo Banco Central, interfere diretamente nas demais taxas do mercado. É o que explica Lucio Silva, economista do Grupo Euro 17: “A Selic é a referência para todo o sistema financeiro. Quando a Selic aumenta, as demais taxas vão no mesmo sentido, e isso vale para as taxas que remuneram os investimentos, sejam títulos do governo ou da iniciativa privada”. No Brasil, em março de 2021, o Banco Central iniciou um ciclo de aumento da Selic, que hoje alcança 13,75% ao ano.

Quanto à inflação, de acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), passou de 12%, no acumulado de 12 meses, no último mês de abril, para 7% em setembro e deve encerrar o ano próximo a 5,5%, segundo as projeções do Relatório Focus do Banco Central. Com isso, quem aplicou para receber uma taxa de juros fixa, viu seu rendimento real, descontado da inflação, aumentar.

 

Cenário para 2023

Para 2023, o cenário de juros altos e menor inflação deve permanecer. Segundo Lúcio Silva, “Como a convergência da inflação para a meta continua a ser um desafio importante, o Banco Central deverá manter a Selic elevada, diminuindo aos poucos somente a partir do segundo semestre. Com isso, a inflação recua ainda mais, talvez para menos de 5%”.

Outro fator que contribui para o controle da inflação é o nível de atividade econômica. Segundo projeções do Fundo Monetário Internacional, a economia mundial deve crescer menos no ano que vem, 2,7% contra 3,1% em 2022. Isso favorece a contenção dos preços das commodities agrícolas e minerais no mercado internacional. No Brasil, já aparecem sinais de acomodação da atividade econômica, como a queda no IBC br, indicador do Banco Central que mede a atividade, ou a redução do Índice de Antecedente de Emprego, da Fundação Getúlio Vargas.

O principal desafio é estabelecer uma política fiscal equilibrada. Segundo o economista, para acomodar promessas de campanha, como o Auxílio Brasil de R$ 600,00, e ainda lidar com despesas que foram adiadas, o governo deverá pedir ao Congresso uma autorização para gastar além do que prevê o teto de gastos. E é muito importante que uma nova regra fiscal seja definida, de modo a reduzir as incertezas quanto ao equilíbrio das contas públicas ao longo dos anos.

Debêntures

Dentro do segmento da renda fixa, vale destacar a emissão de debêntures. Títulos emitidos pelas empresas para a captação direta de recursos junto aos investidores. Segundo a ANBIMA, as debêntures representaram mais da metade dos recursos obtidos no mercado de capitais no primeiro semestre do ano, mais de R$ 113 bilhões. Esses títulos permitem às empresas acessar recursos para viabilizarem seus planos de expansão ou modernização. Para quem busca aplicar seu dinheiro, é uma oportunidade de diversificação da carteira de investimentos.

Outros elementos de renda fixa que tiveram bom desempenho no primeiro semestre são os instrumentos de securitização: como os Certificados de Recebíveis do Agronegócio, que aumentaram em volume, atingindo R$ 16,1 bilhões, e os Certificados de Recebíveis Imobiliários chegaram a R$ 14,8 bilhões. Os dados são da ANBIMA. A securitização é o processo pelo qual são criados títulos negociáveis que têm como lastro créditos a receber.

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