POLÍTICA

Ministério da Saúde exonera diretor de logística após relato de suposta propina

Roberto Ferreira Dias era diretor do Departamento de Logística (DLOG) do Ministério e foi acusado de pressionar pela aprovação célere da Covaxin, vacina na mira da CPI da Covid

O Ministério da Saúde anunciou a exoneração do diretor de Logística da pasta, Roberto Dias, na noite desta terça-feira (29/06). O diretor foi citado pelo representante da empresa Davati Medical Supply no Brasil, Luiz Paulo Dominguetti Pereira, representante da empresa Davati Medical Supply, em entrevista à Folha de S. Paulo. Dominguetti disse que Roberto Dias pediu propina em troca de fechar contrato com o Ministério da Saúde.

Em entrevista ao Globo , o servidor Luis Ricardo Miranda afirmou que Dias foi uma das autoridades que o pressionou para acelerar a compra da vacina Covaxin. Segundo ele, Dias teria insistido pelo envio de documentação incompleta à Anvisa e o mesmo não aconteceu em processo de outra vacinas negociadas pela pasta.

Dias foi indicado para o cargo de diretor do Departamento de Logística ainda em 2019 pelo atual líder do governo Jair Bolsonaro na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR). Barros também é alvo de denúncias na CPI da Covid-19 no Senado por envolvimento nas supostas irregularidades do contrato da Covaxin.

A decisão foi tomada na manhã desta terça-feira (29)”, informou o ministério em nota.

Por meio de nota o Ministério da Saúde também informou a suspensão temporariamente o contrato de compra da vacina Covid-19 da Covaxin nesta terça-feira (29/06). De acordo com a nota, a medida não afeta o ritmo da campanha de vacinação para enfrentamento da pandemia no país e segue práticas de compliance na gestão pública. A decisão foi tomada a partir de uma recomendação da Controladoria-Geral da União (CGU), o Ministério da Saúde.

Entre os motivos para a suspensão, está o fato de que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não autorizou o uso emergencial ou definitivo da vacina Covaxin. A agência aprovou, com restrições, apenas o pedido de importação excepcional das vacinas. Com isso, as vacinas chegariam a 1% da população.

Para o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, a medida não altera o cronograma de vacinação contra a Covid-19 no Brasil. Ele destaca que Pasta adotou uma política diversificada em relação à compra de vacinas.

“Todas as nossas ações resultaram em mais de 630 milhões de doses de vacinas que, neste momento, já fazem da campanha de vacinação contra a Covid-19 um caso de sucesso. Teremos a nossa população acima de 18 anos totalmente imunizada no mês de setembro”, afirmou.

O ministro da CGU, Wagner Rosário, explicou que a suspensão é uma medida preventiva. “Abrimos uma investigação preliminar semana passada, isto é, uma auditoria específica em relação ao contrato. O tempo de suspensão vai durar tão somente o prazo da apuração. Colocamos a equipe reforçada para ser bastante célere no processo”, disse.

Até o momento, o Ministério da Saúde já distribuiu de cerca de 130 milhões de doses de vacinas para estados e Distrito Federal. Nos próximos dias, o país deve atingir a marca de 100 milhões de doses aplicadas na população brasileira.


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