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Bolsonaro deve inaugurar ponte que dá acesso a território Yanomami em São Gabriel da Cachoeira

Lideranças indígenas enviaram carta de repúdio que afirma que o objetivo da primeira ida de Bolsonaro a uma terra indígena é somente para tratar e tentar acordar “a legalização de mineração no território yanomami”

O presidente Jair Bolsonaro visita nesta quinta-feira (27/05), o município de São Gabriel da Cachoeira, distante 862 quilômetros de Manaus em linha reta. Na agenda oficial, consta a inauguração da ponte de madeira Rodrigo Cibele, no quilômetro 91, da BR 307. De acordo com o Palácio do Planalto, o evento deve ocorrer às 13h30 (horário de Brasília).

Essa é a segunda passagem do chefe do executivo federal pelo estado em pouco mais de um mês. A estrada que liga a sede do município de São Gabriel ao território Yanomami, na comunidade Matucurá, possui cerca de 18 metros de comprimento e 6 de largura.

Em resposta à visita de Bolsonaro, líderes locais divulgaram uma carta de repúdio. Para eles, o objetivo do que seria a primeira ida de Bolsonaro a uma terra indígena é somente para tratar e tentar acordar “a legalização de mineração no território yanomami” e completaram: “essa não é a nossa ansiedade yanomami”.

Em carta divulgada no último dia 15 de maio, os Yanomami dizem que a decisão de repudiar a visita presidencial é coletiva e legítima.

O documento, assinado pelo presidente da Ayrca (Associação Yanomami do Rio Cauaburis e Afluentes), José Mario Góes, pela presidente da Kumirayoma (associação de mulheres), Erica Figueiredo, e por outros quatro líderes locais, explica o posicionamento da comunidade.

“Nós, caciques, líderes e povos, habitantes originários milenar do território, comunidades Ariabú, Maturaca, Nazaré, Inambu, Cachoeirinha, Ayar, e Maiá novamente reiteramos nossa posição legítima em repudiar visita do presidente senhor Jair Messias Bolsonaro no nosso território Yanomami.” diz o documento.

Na última segunda-feira (24/05), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso determinou que o governo federal adote imediatamente “todas as medidas necessárias à proteção da vida e da segurança” das populações indígenas que vivem nas Terras Indígenas Yanomami, em Roraima, e Mundurucu, no Pará.

Forças de segurança, como a Polícia Federal, Força Nacional de Segurança Pública, FUNAI, IBAMA e, se for o caso, das Forças Armadas terão seus efetivos designados e mobilizados para as áreas de conflito, devendo permanecer até que as comunidades não sofram mais riscos.

O pedido, feito pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e apoiado por organizações não governamentais e políticos, explica que a série de conflitos armados e violações de direitos é alimentada pelo aumento da atividade garimpeira.

Veja a carta na íntegra

A Ponte

Segundo o Exército, a ponte que será inaugurada nesta 5ª pelo presidente Bolsonaro foi concluída em 19 de abril. Foi construída pela 21ª Companhia de Engenharia de Construção em parceria com o DNIT no Km 91 da BR-307.

A obra faz parte de um programa de recuperação de 102 quilômetros da BR-307. Liga a sede do município de São Gabriel da Cachoeira à Comunidade Indígena Balaio.

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