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Operação em Nova Olinda do Norte é para devolver segurança à população local, afirma secretaria de Segurança

Corregedoria-Geral do Sistema de Segurança está acompanhando a operação e já foram instaurados procedimentos criminais e administrativos para apurar denúncias de abuso de autoridade

A Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) afirmou nesta segunda-feira (17/8), por meio da assessoria de imprensa, que a operação policial que está sendo realizada em Nova Olinda do Norte (município distante da capital 135 quilômetros) tem por objetivo desarticular uma organização criminosa que atua na região com a prática de tráfico de drogas, ameaças, homicídios e crimes ambientais.

De acordo com a secretária, até o momento, 15 pessoas foram presas, sendo 11 em flagrante, 13 armas de fogo apreendidas e quatro plantações de maconha localizadas. Somente nesta segunda-feira, quatro pessoas foram presas em cumprimento a mandado judicial por participação no duplo homicídio dos policiais militares da Companhia de Operações Especiais (COE). Entre os presos está o presidente da Associação Nova Esperança do Rio Abacaxis (Anera), que repassou informações sobre os policiais aos traficantes locais.

Plantações de maconha são encontradas em Nova Olinda do Norte, no Amazonas

Ainda de acordo com a SSP, a Corregedoria-Geral do Sistema de Segurança está acompanhando a operação em Nova Olinda do Norte e já foram instaurados procedimentos criminais e administrativos para apurar denúncias. Já foram ouvidos familiares de pessoas desaparecidas e de pessoas que morreram, e serão ouvidas as supostas vítimas de tortura. Sobre essas denúncias, os procedimentos também já foram instaurados. A Corregedoria informa que vem trabalhando em colaboração com a PF para a elucidação dos fatos.

Sobre as mortes na região, a secretaria informou que em todos os casos foram abertos inquéritos policiais e que nenhuma hipótese é descartada, mas há suspeitas de que os crimes sejam praticados pelo bando criminoso local, liderado pelo cidadão identificado como Valdelice Dias da Silva, vulgo “Bacurau”, que é um foragido da justiça e vivia em conflito com povos indígenas por ter invadido terreno. Há cerca de dois meses, essa quadrilha executou o filho de um cacique Maraguá com 16 facadas.

A SSP afirma ainda que cabe ao Estado o poder de polícia de realizar abordagens, não podendo qualquer cidadão exercer tais atividades, sob a pena de usurpação de função do poder público estatal. No caso da referida associação, a própria Advocacia-Geral da União (AGU), em pedido de reconsideração à Justiça de decisão baseada em solicitação do Ministério Público Federal (MPF-AM), classifica a abordagem armada existente no local uma atividade irregular, esclarecendo ainda que cabe à polícia judiciária do Amazonas a função de investigar os crimes ocorridos naquela região.

“Ao contrário do que vem se tentando disseminar, a atuação das forças de segurança em Nova Olinda do Norte pretende restabelecer a ordem e livrar essas comunidades da opressão perpetrada por traficantes e lideranças locais, que agiam em uma parceria criminosa que vinha sendo ocultada dos órgãos federais, mas era amplamente conhecida pela população local”, afirma em nota a Secretaria de Segurança do Amazonas.

A SSP ressalta que os graves crimes registrados na região, em um curto espaço de tempo, exigiram atuação célere das forças de segurança para a proteção de toda a sociedade do município, de cidadãos que usam o rio Abacaxis para se locomover e da atividade turística existente na área, e que já era ameaçada pela atuação dessa organização criminosa.

“Toda e qualquer denúncia será rigorosamente apurada, conforme manda a lei, a partir da apreciação de provas e do direito à ampla defesa previstos na Constituição Federal”, garante a Secretaria de Segurança.

Entidades assinam manifesto

Nesta segunda-feira, entidades da sociedade civil, realizaram coletiva de imprensa, no Centro Arquidiocesano São José, zona centro-sul, para protestar contra supostos casos de violência praticados por policiais militares, no Rio Abacaxis e na terra indígena Coata-Laranjal, entre os municípios de Nova Olinda do Norte e Borba.

Na coletiva, o bispo de Manaus, Dom Leonardo Steiner, entregou um manifesto assinado por mais de 50 entidades, representantes dos Ministérios Público estadual e federal.

Fotos: Divulgação/SSP-AM

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