Bosque da Ciência celebra 30 anos de educação ambiental e popularização da ciência em Manaus
Espaço icônico do Inpa já recebeu mais de 2 milhões de visitantes e segue como referência em pesquisa e conservação na Amazônia
Um fragmento florestal em meio à área urbana de Manaus, um lugar de encantos e experiências inesquecíveis com a natureza: o Bosque da Ciência, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), completa 30 anos em abril de 2025. Em três décadas, o espaço consolidou-se como um dos mais importantes centros de educação ambiental e popularização da ciência na Amazônia, recebendo mais de 2 milhões de visitantes desde sua inauguração.
Para celebrar essa trajetória, uma programação especial será realizada entre os dias 2 e 6 de abril, com exposições, jogos educativos, palestras, oficinas de pintura e visitas guiadas. As atividades, abertas ao público e gratuitas, contarão com a participação de pesquisadores, grupos de estudos e parceiros do Inpa.

Um espaço de aprendizado e lazer
O Bosque da Ciência é reconhecido por oferecer aos visitantes uma imersão na biodiversidade amazônica, promovendo o contato direto com a fauna e a flora locais. Além de ser um atrativo turístico, desempenha um papel essencial na educação científica e na conscientização ambiental.
Para o diretor do Inpa, professor Henrique Pereira, o Bosque representa um modelo de integração entre ciência e sociedade. “É um dos poucos espaços em Manaus onde o visitante pode experimentar um microclima mais agradável e ter contato direto com a natureza, o que traz benefícios para a saúde e o bem-estar. A cidade precisa de mais áreas verdes, e o nosso Bosque é um exemplo a ser valorizado”, afirma.
O parque recebe, em média, 120 mil visitantes por ano, incluindo estudantes, pesquisadores e turistas. O acesso é gratuito mediante agendamento pelo site oficial do Inpa.

A história do Bosque da Ciência
Criado em 1º de abril de 1995, o Bosque surgiu como um espaço para visitação pública e divulgação das pesquisas realizadas no Inpa. Antes de sua fundação, as opções de contato com a natureza em Manaus eram limitadas ao zoológico do Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) e ao Parque Municipal do Mindu, ainda em fase inicial de implantação.
O pesquisador Juan Revilla, um dos fundadores do Bosque, lembra que a área era usada, no passado, para extração de madeira e produção de carvão. “A vegetação original foi derrubada, e apenas algumas árvores de troncos mais resistentes permaneceram. Hoje, exemplares como o Uxi Amarelo, o Visgueiro e a Tanimbuca, com idade estimada em 600 anos, ainda podem ser encontrados no parque”, destaca Revilla.
A ideia de transformar a área em um Jardim Botânico começou na gestão do diretor Herbert Schubart, em 1986. Pesquisadores e auxiliares de campo passaram a coletar sementes e plantar mudas, além de abrir trilhas para visitação. O projeto ganhou força na década de 1990, sob a direção de José Seixas Lourenço, que trabalhou para consolidar o espaço como um centro de educação e pesquisa.
Da resistência à preservação
Antes de se tornar um centro de referência ambiental, o Bosque enfrentou desafios como ocupações irregulares e a falta de infraestrutura. Para proteger a área, a comunidade científica do Inpa se mobilizou, construindo cercas e promovendo ações de conscientização junto aos moradores do entorno.
“Nos primeiros anos, muitos pesquisadores e servidores do Inpa se dedicaram voluntariamente ao projeto, abrindo trilhas e plantando árvores. Aos poucos, conseguimos transformar o espaço no que ele é hoje”, relembra Revilla.
O Bosque também inovou ao implantar um sistema de reaproveitamento de água, garantindo a manutenção de lagos artificiais que abrigam peixes-bois, piranhas-pretas e quelônios amazônicos. Com o tempo, o local se tornou um verdadeiro refúgio para a fauna e a flora da região.
O legado dos pequenos guias
Uma das iniciativas mais marcantes da história do Bosque foi o projeto “Pequenos Guias”, criado em 1994 pela pesquisadora Maria Inês Gasparetto Higuchi. O programa envolveu adolescentes das comunidades próximas, capacitando-os para atuar como guias ambientais e multiplicadores do conhecimento sobre a biodiversidade amazônica.
“O projeto teve um impacto enorme na vida desses jovens. Muitos seguiram carreiras na área ambiental, tornando-se professores, pesquisadores e ativistas da preservação”, conta Higuchi.
Embora descontinuado em 2010, o legado dos Pequenos Guias segue vivo na memória daqueles que participaram da iniciativa e na própria identidade do Bosque da Ciência.
Compromisso com a Amazônia
Ao completar 30 anos, o Bosque da Ciência reafirma seu compromisso com a educação, a pesquisa e a conservação ambiental. Mais do que um espaço de lazer, é um símbolo da relação entre ciência e sociedade, promovendo o conhecimento e a valorização da biodiversidade amazônica.
Com uma programação especial para celebrar sua história, o Bosque segue como um dos patrimônios mais importantes de Manaus, inspirando novas gerações a proteger e preservar a riqueza natural da Amazônia.
Fotos: Fernanda Reis/ Ascom Inpa e Acervo Lapsea/Inpa