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Pesquisa avalia o uso de resíduos sustentáveis como matéria-prima para produção de compósito híbrido

Projeto “Produção de compósito híbrido reforçado com resíduo agroindustrial amazônico” tem por objetivo reaproveitar resíduos da indústria madeireira e de extração de óleo de Buriti

Com o objetivo de produzir um compósito híbrido a partir de resíduos derivados da indústria madeireira e oriundo da extração de óleo de Buriti, uma pesquisa promove o reaproveitamento de resíduos agroindustriais, os quais podem ser encontrados na região Amazônica. Fazendo uso de componentes provenientes de fontes renováveis, a ideia é produzir um novo tipo de material que possa ser aplicado na indústria moveleira e civil.

O projeto intitulado “Produção de compósito híbrido reforçado com resíduo agroindustrial amazônico”, apoiada pelo governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) é coordenado pela pesquisadora Virgínia Mansanares Giacon, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).

A pesquisadora é a coordenadora responsável pelo laboratório de Materiais da Amazônia e Compósitos (LaMAC), da instituição, e também é líder do grupo de Pesquisa de Materiais Amazônicos e Compósitos (PeMAC). 

Virgínia Giacon explica que o termo “compósito híbrido” se refere ao uso de mais de um tipo de matéria-prima, que é aplicada como uma espécie de “reforço” no processo de fabricação desse material. A coordenadora destaca a decisão de examinar elementos da indústria madeireira e da extração de óleo de buriti. Segundo Virgínia, ainda há poucos estudos sobre o potencial de ambos os resíduos em aplicações tecnológicas. 

“Apenas a utilização do resíduo do buriti poderia não resultar em boas propriedades mecânicas no produto final, pois este possui quantidades expressivas de óleo residual que afetaria sua aderência junto à resina polimérica. Já com o resíduo madeireiro, há possibilidade de garantir melhorias no desempenho mecânico do compósito fabricado quando ambos os resíduos são aplicados como carga de reforço”, disse Virgínia. 

Para a pesquisadora, algumas das principais consequências do descarte incorreto de resíduos no meio ambiente se materializam na contaminação do solo, dos rios e do ar, uma vez que a agroindústria gera toneladas de resíduos anualmente. Ela ainda explica que, mesmo que esses materiais sejam biodegradáveis, muitas empresas não os reaproveitam.

Processo de pesquisa

Para que o compósito híbrido possa gerar um produto a ser industrializado no futuro, é necessário garantir uma boa análise técnica. Pensando nisso, durante a pesquisa, foram avaliados os efeitos da concentração do resíduo madeireiro e do buriti nas propriedades mecânicas e térmicas de compósitos poliméricos. 

“O buriti é submetido a um processo de prensagem mecânica para retirada do óleo, e desse processo resta um resíduo que pode ser reaproveitado”, descreveu Virgínia. Quanto ao resíduo madeireiro, ela cita como opções a serragem e o cavaco. “Embora o foco do projeto seja reaproveitar resíduos de espécies madeireiras Amazônicas, este pode ser obtido em escala nacional”, disse a coordenadora. 

O estudo reforça também a importância de se agregar valor financeiro aos resíduos sustentáveis, devido ao potencial não apenas tecnológico, mas, também, socioeconômico. O uso de matérias-primas naturais pode resultar, inclusive, em produtos de baixo custo para a população.

Sobre o papel da Fapeam no desenvolvimento de projetos na região amazônica, a pesquisadora ressalta: “Através desse apoio, está sendo possível desenvolver pesquisas relevantes para a comunidade científica a nível regional e mundial”, acrescentou a pesquisadora.

Virgínia espera que, a longo prazo, os resultados sejam úteis para o desenvolvimento de outros tipos de pesquisas com os materiais analisados. “Inúmeros órgãos e institutos locais já vem desenvolvendo pesquisas com matéria-prima da região e obtendo resultados satisfatórios, devido à variedade de espécies que podem ser estudadas para diferentes finalidades”, explicou. 

Programa Universal Amazonas

O programa visa fomentar projetos de pesquisa científica, tecnológica, de inovação, ou de transferência tecnológica, vinculados a instituições de ensino e pesquisa, nas diferentes áreas do conhecimento, que busquem contribuir para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental do estado do Amazonas e para o ecossistema de CT&I estadual.

Fotos: Acervo da pesquisadora Virgínia Giacon.

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