COLUNASMarcellus Campêlo

LED e sua relação com a preservação da biodiversidade

Marcellus Campêlo (*)

O Amazonas deverá se tornar, muito provavelmente, o primeiro, ou um dos primeiros estados brasileiros com iluminação pública toda em LED, na área urbana dos municípios. O estado caminha para isso, com a implantação do Programa Ilumina+ Amazonas, que iniciou em maio deste ano e encerrará a primeira etapa em dezembro, com aproximadamente 60 mil pontos de iluminação instalados em 28 municípios do interior. Em 2023, o trabalho continua e só termina quando todos estiverem alcançados.

O programa, que moderniza o sistema de iluminação pública do interior, é executado pela Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE) do Governo do Amazonas. Apesar de ter como foco as áreas urbanas dos municípios, já contemplou, também, 34 comunidades rurais e indígenas. Além das vantagens já conhecidas do LED, como a redução de até 60% no consumo de energia e de emissões de gás carbônico na atmosfera, quero destacar aqui um aspecto igualmente importante: as luminárias que estão sendo utilizadas atendem aos critérios de preservação da biodiversidade.

O sistema de iluminação pública do interior está sendo padronizado, com LED adequado às condições de biodiversidade. A Temperatura de Cor Correlata (TCC) das luminárias, ou seja, a sua percepção visual, é de 5.000 K (Kelvin), o que proporciona mais luminosidade, sem ameaçar as plantas e espécies animais, como insetos, anfíbios, peixes, pássaros e morcegos. Esse tipo de LED é de cor branca, mais eficiente e mais próxima do tom de cor natural da luz do sol, reduzindo assim qualquer impacto.

A Associação Brasileira da Indústria de Iluminação (Abilux) considera que em níveis acima de 5.000 K, considerada uma luz branca ‘fria’, a luminosidade artificial no período noturno pode causar estresse à vida silvestre ou mesmo servir como armadilha para insetos.

Por isso, nos municípios onde havia LED de 6.000 K, que é um tom de cor levemente azulado, menos eficiente e que pode ser nocivo à biodiversidade, houve a substituição das lâmpadas, para dar lugar ao sistema mais moderno e apropriado.

Uma das grandes preocupações do programa foi a de adotar métodos mais sustentáveis, usando equipamentos indicados para garantir a harmonia com o meio ambiente. Não bastava apenas usar luminárias de LED. Era preciso que os equipamentos estivessem adequados ao meio ambiente, fossem eficientes e que proporcionassem economia de energia e design integrado, dando uma configuração mais moderna às nossas cidades.

Além disso, a concepção do programa também procurou contemplar outros atributos importantes, dentre eles, o de contribuir para a segurança das pessoas e para melhorar a qualidade de vida, na medida em que proporciona condições para que as famílias possam frequentar os espaços públicos à noite.

Qualquer ação executada, hoje, precisa estar voltada para a sustentabilidade, o respeito ao meio ambiente e alinhada aos princípios de responsabilidade social e de governança. Princípios estes previstos nas políticas de ESG (Enviromental, Social and Governance), sigla que traduz exatamente esse tripé essencial para a vida no planeta.

(*) Marcellus Campêlo é engenheiro civil, especialista em saneamento básico; exerce, atualmente, o cargo de coordenador executivo da Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE) do Governo do Amazonas.

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