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Estratégias dão certo e índice de distorção idade-série cai para menos de 10% na rede municipal de ensino

Censo aponta número de estudantes com distorção idade-série nas escolas urbanas da capital é de 9,4%, enquanto na zona rural o total é de 12,9%. Dados são do Censo Escolar 2021

Pela primeira vez, o índice de distorção idade-série das escolas da Prefeitura de Manaus ficou abaixo de 10%. No final de janeiro, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgou dados da primeira fase do Censo Escolar 2021, que mostraram que o índice foi de 11,9% para 9,6%, além de diversos outros pontos positivos da Secretaria Municipal de Educação (Semed).

O índice começou a ter uma queda considerável em 2015, ano em que a Semed firmou uma parceria com o Instituto Ayrton Senna (IAS) para a realização dos programas “Se Liga” (destinado a estudantes não alfabetizados e em estado de defasagem idade-série matriculados do 3º ao 5º ano do ensino fundamental) e “Acelera” (que promove a recuperação da aprendizagem de estudantes com distorção idade-série no mesmo período).

De acordo com os dados divulgados, o total de estudantes em distorção idade-série das escolas urbanas ficou em 9,4%, enquanto na zona rural o total ficou em 12,9%. Sendo o resultado geral da rede municipal, 9,6%.

Para o secretário municipal de educação, Pauderney Avelino, o resultado é motivo de satisfação, porque o trabalho que está sendo realizado há mais de um ano está surtindo efeito.

“Pela primeira vez na história da Semed conseguimos um índice abaixo de 10% de distorção idade-série. Nós temos vários programas em parceria com o IAS, temos também o pit stop, programa da própria secretaria, que está sendo copiado por outros municípios. É um momento histórico para a nossa secretaria porque estamos reduzindo a distorção idade-série e o analfabetismo”, pontuou.

Para obter o resultado, a Semed passou por desafios, como o início de aulas remotas em 2021. Por conta disso, na volta ao ensino presencial, a rede se organizou e começou a trabalhar índices essenciais como diminuição do abandono escolar e diminuição da retenção.

Organização

A responsável pelo programa IAS, Neuza Viana, apontou que uma das chaves para esse resultado foi a organização da rede municipal quando as aulas voltaram a ser presencialmente.

“Detectamos que no 4º ano os meninos, mesmo não estando em distorção, não estavam alfabetizados. O secretário determinou que oferecêssemos reforço presencial para eles com livro específico, acompanhamento de professor da rede e conseguimos 94% de alfabetização desses meninos e, consequentemente, eles não ficaram retidos e não vão ficar agora”, disse Neuza, que destacou ainda que a Semed buscou estudantes que tinham abandonado as escolas para regressar e com a oportunidade de aprendizado e progressão de estudo.

“Nos programas “Se Liga” e “Acelera Brasil”, todo um processo de busca foi feito por meio de tutores e assessores distritais para que nossas crianças voltassem. Fatores que contribuíram para que pudéssemos reduzir efetivamente esse índice. Então a rede se fortificou com gestores, assessores, professores, tutores a fim de que pudéssemos atender melhor nosso público e ele não desistisse da escola”, concluiu Neuza.

Programa

O professor Ayleson Ramos Marques, da escola municipal Nazira Chamma Daou, que trabalha há aproximadamente 7 anos com o programa, explica que um dos trunfos do Acelera e do Se Liga é atuar com a questão da vulnerabilidade social.

“O ponto principal do programa é a metodologia, onde trabalhamos de forma prática, nos desprendendo um pouco do quadro branco e trabalhando com material concreto, onde acreditamos que o processo de ensino-aprendizagem acontece de forma espontânea, onde o estudante aprende brincando. Nós trabalhamos muito o socioemocional do aluno, além de questões voltadas para a realidade deles”, disse.

Antes de fazer parte do programa, a estudante Jozielly de Oliveira Brandão, 12, estava no 4º ano do ensino fundamental anos iniciais. “O programa me ajudou, eu aprendi a ler e escrever. Eu estava no 4º ano e agora fui para o 6º. Eu estou muito feliz com isso. O professor me ajudou muito”, finalizou Jozielly.

Fotos: Altemar Alcântara/Semcom

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