MEIO AMBIENTE

Após garimpo em massa, mercúrio no organismo de moradores do rio Madeira é 3 vezes maior que limite admissível

Laudo da Polícia Federal atestou que ribeirinhos estão consumindo água e/ou alimentos contaminados e concentrando o metal pesado nos seus tecidos

Amostras de cabelo detectaram que moradores da região do rio Madeira, no Amazonas, possuem contaminação por mercúrio até 3 vezes superior ao limite máximo considerado como “admissível” pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

A região foi invadida por garimpeiros no mês passado, para exploração ilegal de ouro. Centenas de balsas e dragas operaram, por cerca de 15 dias, em um único ponto do rio (veja fotos).

Um laudo pericial da Polícia Federal, obtido pelo Jornal Hoje, apontou dados preliminares dos estragos causados pela atividade.

Na primeira fase da operação Uiara, a Polícia Federal prendeu 3 garimpeiros e destruiu 131 balsas. Os agentes também coletaram material das balsas, da água do rio Madeira, cabelo da população ribeirinha e folhas.

Além da alta contaminação das pessoas que vivem por lá, o nível de mercúrio na água é de 15 a 95 vezes superior ao aceitável como máximo para consumo e uso recreativo.

Ribeirinha sobrevive através da pesca no rio Madeira, região invadida por garimpeiros. — Foto: Patrick Marques/g1 AM

Na conclusão do relatório, o perito do setor Técnico-Científico da Superintendência da PF no Amazonas afirmou que, dos materiais analisados, 85% apresentaram indícios de contaminação pelo elemento mercúrio.

As amostras de água e sedimento demonstram forte indícios de contaminação ambiental e confirmar o lançamento dos contaminantes a partir de balsas.

“Esses resultados preliminares, dessa parte do rio Madeira, próximo a foz, são extremamente alarmantes. Infelizmente eles corroboram a nossa desconfiança técnica já em função de todas as décadas que o rio é submetido a esse garimpo ilegal, sem o menor controle em relação ao lançamento de resíduos, principalmente mercúrio, e esses resultados corroboraram os nossos maiores temores”, disse Leandro Almada.

Dragas e balsas atracaram no meio do rio Madeira, no Amazonas, para exploração ilegal de ouro. — Foto: REUTERS/Bruno Kelly

O laudo atestou, também, que as populações ribeirinhas estão consumindo água e/ou alimentos contaminados e concentrando nos seus tecidos o metal pesado. Ou seja, o potencial de contaminação da atividade é extremamente elevado.

A Polícia Federal e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) realizam, nesta quarta-feira (15/12), a segunda fase da operação Uiara, para combater o garimpo ilegal na região.

Foto: Patrick Marques/g1 AM

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