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Em represália à investigação, concessionária retira medidor de energia da casa do presidente da CPI

Presidente da CPI da Amazonas Energia, deputado Sinésio Campos, que encara ato da empresa como sendo uma ameaça velada devido aos trabalhos desenvolvidos na comissão parlamentar de inquérito

O deputado estadual Sinésio Campos (PT), presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), instalada na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) para apurar denúncias sobre a precariedade dos serviços de geração e fornecimento de energia, prestados pela concessionária Amazonas Energia, no estado do Amazonas, está sendo vítima de represália e intimidação para parar com as investigações.

Prova disso foi a decisão da empresa de retirar, de forma arbitrária, sem qualquer aparo legal, o medidor de energia da residência do parlamentar. Para o deputado, o ato foi uma violação dos seus direitos de consumidor e cidadão, visto que não houve autorização para o serviço.

No entendimento do presidente da CPI, a ação representa uma ameaça velada diante das denúncias que a comissão vem coletando no decorrer das oitivas.

 “Ao chegar à minha casa encontrei o medidor de energia violado por funcionários da empresa, pois não havia autorização para o serviço, não havia ninguém em casa. Inclusive, dois lacres do medidor estavam jogados ao chão. Assim como eu fui vítima de uma ação totalmente irregular por parte dessa empresa, milhares de cidadãos também podem ser. Quem garante que sem a presença do proprietário na residência os funcionários não alteram esse equipamento? ”, questiona Sinésio.

Por sua condição de presidente de uma CPI que investiga a Amazonas Energia, o deputado encara o gesto da concessionária alvo da investigação, como sendo uma ameaça velada. “Não tem como pensar de outra maneira, posto que somente a minha residência sofreu com tal violação. Isso não vai me amedrontar, continuarei levando até às últimas consequências a defesa da população amazonense. Essa atitude só me fortalece e me faz ter a certeza que estamos no caminho certo”, afirma Sinésio Campos.

Prática de violação

Em recente depoimento prestado à CPI, o vereador de Iranduba Luis Carlos Velho (Republicanos) e Wenceslau de Araújo Botelho, cidadão que teve um vídeo repercutido na internet após filmar funcionários da Amazonas Energia verificando a rede de elétrica de um cliente sem autorização, apresentaram inúmeros casos de negligencia e ineficiência da concessória na prestação do serviço de fornecimento e distribuição de energia elétrica no município.  

Luis Carlos Velho, que também é presidente da Comissão de Defesa do Consumidor na Câmara Municipal de Iranduba, disse que impetrou uma ação popular contra a Amazonas Energia, devido a cobrança abusiva da Contribuição Para o Custeio Da Iluminação Pública (Cosip) do município, e ganhou a ação. A causa rendeu, aproximadamente, 18 milhões de reais para os cofres da prefeitura de Iranduba.

 “O que estava acontecendo em Iranduba acerca da arrecadação do Cosip está acontecendo em outros municípios do Amazonas. Eles estavam cobrando o ponto de iluminação pública em locais que tinham lâmpadas nos postes funcionando, locais em que não havia o funcionamento mesmo com lâmpada e locais que nunca receberam uma lâmpada. Ou seja, o contribuinte pagava por um serviço que não estava usufruindo. Resultado, ganhamos a ação e a Amazonas Energia teve que pagar, aproximadamente, 18 milhões de reais para os cofres da prefeitura de Iranduba”, relatou.  

O outro depoente, o cidadão Wenceslau de Araújo Botelho, afirmou que recebeu multa de 4 mil reais, após a repercussão do vídeo filmado por ele, onde funcionários da Amazonas Energia aparecem verificando sem autorização a rede elétrica de um cliente. “Assim que recebemos a multa procuramos o Procon e lá pediram explicação da empresa e a concessionária não tinha como provar a origem da multa, aplicou apenas para tentar nos punir”. 

O presidente da CPI, Sinésio Campos, disse que agora o caso passa a fazer parte das investigações da comissão assim como tantos outros que têm chegado às suas mãos. Denúncias podem ser enviadas para a CPI da Amazonas Energia por meio do e-mail cpienergia@aleam.gov.br, telefone (92) 9.8466—8350 ou ainda presencialmente na sala 408 da Aleam.

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