Antonio Siemsen MunhozCOLUNAS

A vida em um novo mundo

Por Antônio Siemsen Munhoz

O que  os sete véus de Shiva não escondem

Já vivenciamos diversas fases em que as coisas pareciam estar mudando no momento presente. Mas o advento de um novo dia levava todas as sensações embora. As pessoas continuavam em sua rotina diária. Parecia que nada tinha mudado. Mas, agora o que estamos observando é a etapa final de uma hecatombe (o que todos esperam). É possível perceber a imposição das mudanças impostas pela pandemia do COVID-19. Ela chegou e assolou nosso planeta azul (eufemismo para dar e vender). Tais mudanças são necessárias devido a observarmos tentativas de novamente acomodar o comportamento das pessoas à lugares e situações que representavam sua zona de conforto anterior.

A nova realidade

O que se observa no contexto atual é uma nova realidade que não repete antigas condições. Ainda que pareça que sim para todos. Mas frente ao número de mortes e extensão dos efeitos esta quadra de tempo não pode ser esquecida, mas sim utilizada como exemplo do que não deve ser feito com orientações sobre como viver o futuro imediato. A vida desenrola sua trama. Ninguém enxerga mais nada. O passado recente é varrido para debaixo do tapete. A capacidade de raciocínio das pessoas está diminuída ou foi eliminada.  Todas parecem achar que nada mudou e tudo era como está como antes no quartel de Abrantes.  Resposta semelhante àquela dada de forma direta para as pessoas que inquiriam como estava a situação no país vizinho e irmão (Portugal) quando da invasão francesa. Ao não terem notícias devido à grande dificuldade comunicacional, todos consideravam que nada havia mudado em um país devastado. Mas, neste caso as coisas eram diferentes: as coisas não pareciam não ter apenas mudado para retornar no dia seguinte: elas realmente mudaram e sua permanência em meio a pessoas incrédulas quanto às mudanças ocorridas, torna a vida mais difícil.

O que está acontecendo?

O COVID – 19 chegou e passou como um Tsunami. Os deslocamentos de camadas terrestres criaram e propagaram ondas múltiplas e potentes que se disseminaram com tal força que acabaram por destruir tudo o que encontraram em sua volta. Passado seu tempo, com a pandemia enfraquecendo (vencida ou quase) para glória da ciência, as pessoas acordam em um novo dia. Os mesmos procedimentos da vida anterior se repetem. Eles sequer são renovados. Todos tentam voltar à sua vida anterior , quando o contexto social era diversificado.

Novos atitudes e comportamentos

A verdade muda de lado. Parece que todos falam a novilíngua, que é criada por governos hiper autoritários, ou pelo menos querendo ocupar este lugar. O importante é ostentar uma caneta BIC, preferencialmente da cor preta que, quando operada tem consequências funestas para aqueles contra os quais é direcionada. É uma situação que pode ser lida nos escritos deixados por George Orwel (1984), na sociedade do grande irmão.  Os todos os locais os ecos dos protocolos colocados pelo grande irmão como sussurros, se mostram altissonantes e totalmente favoráveis ao poder vigente.

Vivendo um mundo de mentiras

Assim, a sensação de que nada mudou se torna universal e acaba por se transformar em uma potente FAKE News. Elas são postagens que que chegam como resultado da ignomínia humana que pode construir ou destruir pessoas com novas verdades que vestem as mentiras com as roupagens da verdade, como um policrômico artista no palco da vida. Estas postagens invadem tal e qual um devastador Tsunami. Desta forma,  também leva de roldão a tudo que possa travar sua caminhada. O chefe desta nação mente descaradamente frente à audiência internacional e brada que o país está limpo de corrupções, quando elas pululam para lá e para cá. Elas vão e vem ao sabor dos ventos, a ponto de levar a lembrar os acordes da “La donna é mobile”, repetida pela sonante voz de alguns Lucianos Pavarottis ”, que é possível encontrar nas ondas do rádio e em tantos outros lugares.  

Como viver, enfim?

É preciso que as pessoas abram seus olhos e passem a enxergar uma realidade social que se apresenta como inacreditável e inaceitável, levando a crer que nada mudou, quando tudo mudou. Todas as pessoas foram de uma forma ou outra, afetados pela pandemia. Seu impacto afetou a todos com resquícios de maldade variados e nem sempre devido a resultados naturais, muito da intervenção humana revelou o quanto precisaremos mudar. Seus efeitos mataram pessoas, destruíram outras, criaram falsos Deuses, com a capacidade de decidir o destino de todos, apoiados em atitudes e comportamentos inaceitáveis. É preciso as pessoas evitem ser serem engolidas por um mundo irreal.

Mudar é preciso

As pessoas têm que mudar sua forma viver, por mais que a luta contra o negacionismo, inaceitável e que beira às raias do absurdo, esteja sendo revelada como uma batalha perdida. É preciso mudar o contexto do comportamento do ser humano. É preciso estabelecer uma nova cultura colaboracionista. Ela está posta como o único caminho que se revela como aceitável para enfrentar os efeitos desta pandemia que assolou nosso planeta. Com adoção desta proposta poderão ser revistos valores e hábitos. A resiliência se coloca como bastião contra a insistência em colocar vinho novo em odre velho, ou vinho novo em odre velho. Ao vinho novo, odre novo.

Um ponto de inflexão

Analisando o curso da caminhada desenvolvida na vida do ser humano em direção aos mais ocultos lugares, para onde todos vão, por mais que não queiram para lá se dirigir, observamos uma intensidade que revela cada vez mais claramente que tudo mudou e aquele mundo pretérito ao Coronavírus não mais tem lugar. O mundo deverá adotar em dias, o que até agora levou décadas para atingir e estabelecer como um comportamento politicamente correto. Para aqueles que gostam de estabelecer taxonomias esta quadra de tempo pode ser o verdadeiro marcador do século 20 e verdadeiro início do século 21, no qual em meses será necessário implantar o que décadas não foram suficientes. 

Olhando para o futuro

Se Nostradamus fosse vivo nos tempos atuais, certamente ele olharia para um futuro diferenciado e estabeleceria centúrias totalmente diferentes daquelas que nos trouxeram até aqui. Existem diversas condições a superar: o confronto entre crenças não deve atrapalhar (obstáculo difícil de superar); o consumismo não pode mais ocupar o imerecido lugar de destaque que a ele é dado na sociedade atual; o afastamento geográfico não deve continuar separando família, escola e trabalho e diversão, reunindo todos no entorno de uma caminhada de curta duração, com toda a economia que podem trazer as cidades inteligentes; a desvalorização da efetivação de atividades a distância como a educação efetivada via streaming e apoiada por pequenos aplicativos com alta interação que pode abranger todos os negócios deve ser eliminada; é preciso evitar que o negacionismo seja estendido para qualquer necessidade que se mostre capaz de transformar mentiras em verdades contando com a colaboração e beneplácito dos poderes constituídos. Se todas estas condições e outras periféricas de efeito e aplicação oportunista se fizerem reais, poderemos caminhar no caminho da sociedade do futuro e facilitando a vida em um novo mundo.

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