DESTAQUEMEIO AMBIENTE

Apesar da pandemia, Brasil aumenta em 9,5% a emissões de gases-estufa em 2020

Relatório do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima mostra que o país atingiu em 2020, maior valor de toneladas de gases emitidos, desde 2006

Dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Seeg) do Observatório do Clima (OC), divulgados nesta quinta-feira (28/10), dias antes da Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas (COP26), que começa no domingo (31/10), mostram que Brasil segue aumentando as emissões de gás carbônico (CO2), embora tenha se comprometido a reduzir os números.

Mesmo com a pandemia, que parou o mundo e reduziu as emissões globais de gases do efeito estufa em 2020, o Brasil aumentou as suas em 9.5% na comparação ao ano anterior. Com isso, o país atingiu o maior valor de toneladas de gases emitidos desde 2006. O país emitiu 2,16 bilhões de toneladas de CO2e (leia CO2 equivalente, que é uma soma de todos os gases-estufa), segundo dados do Seeg.

O relatório, que reúne dados de 2020, mostra que o país segue mantendo a tendência de alta nas emissões desde 2010. Os gases de efeito estufa estão entre as principais preocupações dos especialistas sobre a crise climática.
A mudança no uso da terra, principalmente o desmatamento, foi responsável sozinho por 46% das emissões nacionais em 2020 e permanece como a fonte central de gases-estufa do país.

Os gases lançados pelo desmatamento tiveram aumento de 23%, em relação ao ano anterior. Esse crescimento acabou anulando a queda de emissões causada pela pandemia no setor de energia e jogou para cima os dados do Brasil.
A agropecuária aparece em seguida na lista das atividades mais poluentes no país, responsável por 27% das emissões brutas, o equivalente a 577 milhões de toneladas de CO2e. A lista segue com o setor de energia (18%), processos industriais (5%) e a área de resíduos (4%).

O agronegócio responde por uma fatia significativa das emissões nacionais. Segundo o Seeg, em 2020, cerca de 73% das emissões do Brasil estavam, direta ou indiretamente, ligadas à produção rural e à especulação com terras.
Na quarta-feira (27/10), o Observatório do Clima entrou com uma ação civil pública na Justiça Federal do Amazonas contra o Ministério do Meio Ambiente, pedindo atualizações do Plano Nacional sobre Mudança do Clima condizente com a emergência climática apresentada no IPCC.

Da redação, com informações do Uol

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