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Manaus chega aos 352 anos apostando no polo digital para retomada do desenvolvimento, no pós pandemia

Empreendedorismo digital e fomento tecnológico de pequenas empresas apontam caminhos inteligentes para economia local independente

São 352 anos de histórias marcadas por grandes ensinamentos deixados por uma pandemia, que jamais será esquecida. Em meio à crise de saúde pública e, consequentemente, econômica provocada pelo vírus da covid-19, Manaus precisou se reinventar para driblar os obstáculos financeiros e, assim, voltar a se desenvolver. Uma das saídas para o ressurgimento da cidade foi apostar no empreendedorismo digital, com foco no fomento de pequenas empresas emergentes, conhecidas como “startups”.

A microempreendedora Ester Prata conhece bem essa realidade. Lembrar do caos enfrentado em 2020, quando o comércio precisou fechar as portas para evitar aglomeração e o aumento da contaminação de pessoas com o novo vírus, provocou alguns segundos de silêncio. Reflexiva, ela conta que só foi possível abrir o próprio negócio há quatro meses.

“Na época da pandemia ficou tudo fechado, eu tive que trabalhar de casa vendendo meus produtos apenas pelo WhatsApp, Facebook, Instagram, e o que mais eu vendi foi sabonete liquido, álcool em gel, era os que as pessoas usavam mais. Hoje as coisas estão melhores e estamos vendendo praticamente de tudo, saí da informalidade e me tornei MEI (Microempreendedora Individual), e pago meus impostos. Acredito que as coisas devem melhorar ainda mais com a vacinação de todos”, completou Prata.

A possibilidade de empreender pela internet também chamou atenção da estudante de pedagogia, Cássia Haddad, 22. Mas, a curiosidade sobre o empreendedorismo a levaram a criar a loja virtual Manaós Lingerie, atualmente, com mais de 2,3 mil seguidores apenas no Instagram. “Tudo isso veio sem muita pretensão e foi quando a minha rotina corrida mudou de maneira brusca durante a pandemia. Nesse período eu comecei a estudar coisas novas, ampliar minha visão sobre empreendedorismo digital. Além de ser a minha principal fonte de renda, ajudo outras mulheres falando e ensinando o que sei sobre o assunto”, disse.

Ester Prata e Cássia Haddad fazem parte de um universo de milhares de manauaras que precisaram se reinventar, a maioria por estar sem emprego e/ou sem renda durante a pandemia. Dados do Serviço de Apoio à Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e da Junta Comercial do Amazonas (Jucea) apontam crescimento de aproximadamente 20% na abertura de novas empresas, foram 31.742 CNPJs registrados no estado somente em 2020.

Diante da necessidade de atender a demanda empreendedora e de abrir novos caminhos para a economia, Manaus ganhou um Centro de Empreendedorismo e Inovação de Desenvolvimento Tecnológico voltado ao fomento de pequenas empresas emergentes, conhecidas como “startups”. O projeto foi implantado em novembro do ano passado, no centenário prédio do antigo Hotel Cassina, atual Casarão da Inovação Cassina, localizado no núcleo inicial do Distrito de Inovação, Centro da capital amazonense.

Para o gestor do espaço administrado pela Secretaria Municipal do Trabalho, Empreendedorismo e Inovação (Semtepi), Fábio Araújo, a  iniciativa representa um importante salto na diversificação econômica da cidade junto ao resgate de um centenário prédio histórico, que hoje funciona como coworking, um escritório compartilhado. “A ideia é estabelecer no Centro de Manaus um distrito de inovação tecnológica para que a nossa capital tenha uma economia independente do Polo Industrial de Manaus”, explicou.

Aliado ao desenvolvimento econômico, o projeto é também uma forma de incentivar a prospecção de soluções inovadoras e sustentáveis para a área de mobilidade urbana de Manaus, carente de investimentos tecnológicos. “Nesse sentido, temos trabalhado muito forte na capacitação de pessoas sobre o que é o empreendedorismo digital, além de possibilitar a integração entre institutos de tecnologia, startups, universidades e o poder público. Um dos eventos que realizamos é a maratona ‘Manaus Visão Hack Experience’, que reúne profissionais da área de tecnologia, como programadores e empreendedores, para que solucionem problemas da cidade durante 48 horas”, finalizou.

Muito mais do que contar boas histórias, Manaus quer se desenvolver e chegar às futuras gerações com legados positivos. Afinal, são 352 anos de muita luta e esperança de dias melhores para os manauaras.

Da redação

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