Morre padre Humberto Guidotti, uma das vozes mais potentes na luta pelos direitos humanos na Amazônia
Criador e coordenador do “Grito dos Excluídos”, o religioso coordenou o Centro de Defesa dos Direitos Humanos, da Arquidiocese de Manaus, liderando movimentos contra a fome e a miséria
Morreu, na manhã desta segunda-feira (11/10), o padre Humberto Guidotti (80 anos), no seminário em Pistoia, na Itália, deixando um legado de mais de 40 anos no Brasil, entre Amazonas e Maranhão. Nas redes sociais, professores, políticos e admiradores da luta empreendida por ele na defesa dos direitos humanos desde a década de 1970 no Amazonas, se manifestaram lamentando o ocorrido.
No Amazonas, padre Humberto foi uma das mais potentes vozes nas lutas pelos direitos humanos, trabalhando por cerca de oito anos junto aos hansenianos. Nas décadas de 1980 e 1990, foi coordenador do Centro de Defesa dos Direitos Humanos (CDDH), da Arquidiocese de Manaus, liderando movimentos contra a fome e a miséria.
Foi o criador e coordenador do “Grito dos Excluídos, movimento que a cada Dia 7 de Setembro, reunia os fiéis católicos em caminhada no bairro da Chapada para denunciar a fome e a miséria e a corrupção política e policial na cidade, estado e país.
Padre Humberto também foi para Moçambique, na África, no início dos anos de 2010 onde também trabalhou na defesa dos menos favorecidos e depois viveu no Maranhão, por 11 anos, também liderando movimentos contra as injustiças sociais.
Ao deixar o país, no ano de 2015, disse lamentar que a luta pela corrupção no Brasil tinha poucos resultados porque a justiça e a população sempre ficaram em cima do corrupto, mas esqueciam o corruptor.
Nota de pesar
O Comitê Amazonas de Combate à Corrupção, ligado às lutas sociais iniciadas pelo pároco, divulgou nota de pesar pelo seu falecimento, apontando “imensa tristeza” pelo passamento.
“O povo brasileiro, em especial, os que vivem no Amazonas e no Maranhão, sentem-se hoje, de certo modo, órfãos daquele padre que, como poucos, soube realizar sua ação missionária entre nós”, diz a nota.
“Padre Humberto Guidotti vive entre nós, que aprendemos com sua luta e ensinamentos”, completa.
