CACHO DE UVASDESTAQUE

Diz me cá. Comprarias um vinho chamado “Que se foda”?

Atenção aí. Esse título tem razão de ser e não é para passar os limites das boas maneiras. Esse é o nome de um novo vinho QUE SE FODA, que está agora na quarta e última edição em Portugal, e desta vez um rosé . A pegadinha é a seguinte: são mil garrafas e quando restar apenas uma, vai ser vendida por: 999 mil euros. Comprarias?

A primeira edição deste vinho português teve um tema óbvio — “Que se foda 2020” — e a ideia era animar as pessoas. O produtor declarou que o objetivo era assinalá-lo com um registo humorístico à altura, que significa tudo menos desistência. A resposta do lançamento deixou perceber que fez muito bem à saúde mental das pessoas, que fez descomprimir, relativizar e falar do preconceito da asneira. Depois do tinto, do branco e do verde, está disponível (e pronto a provar) o novo rosé. A venda começou no site QUE SE FODA a partir do último 19 de agosto.

Trata se de um simples vinho, de uma marca que não existe, é mais do que isso, é criatividade, é inclusividade e respeito de todos por todos. Cada garrafa custa 15€ (euros), mas se perder umas das mil a este preço vai ter de desembolsar muito mais.

A ideia resulta de mais um trabalho do artista plástico português Francisco Eduardo: a nova edição limitada chama-se “Que se foda toda a gente”. Nesta quarta edição Francisco perdeu a paciência por completo com todos. Ele declarou em recente entrevista: “Para mandar foder toda a gente, com o sentido que eu queria passar, precisava de uma construção para que fosse bem entendido. Não falo de explicação, porque há coisas que só se explicam fazendo. Ora, os passos anteriores são essenciais para chegarmos a este último” que fala sobre inclusão, diz o artista plástico.

No entanto, é como se nenhum dos quatro vinhos seja verdade, porque a marca não existe em Portugal. O registo não foi autorizado, mas em alternativa, Francisco Eduardo criou um site para proceder à venda dos vinhos cujo sucesso deve-se em grande parte à comunicação que descreve como “insólita” e que foi trabalhando ao envolver-se no mundo da publicidade após terminar o curso de Artes Plásticas pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto.

Neste vinho, as notas de inclusividade estão bem claras. As cores e livre de preconceitos é o mote do vinho cujo rótulo se apresenta de forma minimalista, num fundo branco com o nome do vinho inscrito a preto, envolvido numa moldura com as cores LGBTI+. As cores combinam com o tom deste último vinho, rosé, mas têm um propósito mais forte para existir.

Hoje a atitude ‘Que se foda’ tem de ser de inclusão”, refere Francisco Eduardo, que quer combater a falta de tolerância e fomentar o respeito de todos por todos. “É a garrafa ideal e a mais bonita para representar tudo e todos. É um degrau que temos de acabar de construir. Colocar verniz e glitter no fim para que não se desfaça”, citação que só podia pertencer a um artista plástico.

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