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IA – Não tenha medo: Ela pode te ajudar

Por Antonio Siemsen Munhoz

Não são poucas as pessoas que, ao ouvirem qualquer chamada sobre uso da IA – Inteligência Artificial, imediatamente lembram das ousadias literárias dos escritores de ficção e procuram o esconderijo mais próximo. Talvez a escolha do Hall 9000 não tenha sido tão boa assim.

A inteligência artificial

A ficção científica existe há muito, muito tempo. A mente humana é ou procura se tornar criativa algo possível de ocorrer após um longo treinamento e muito suor e lágrimas. A popularização da IA ocorreu com colaboração decisiva da arte cinematográfica na medida em que alguns filmes se tornaram blockbusters como aquele que apresentou para a distinta plateia nosso amigo Hall 9000, que acabou se tornando antipático em sua versão de domínio possível da humanidade.

É uma outra área que aos poucos abandona os laboratórios acadêmicos. Ela começa a ser trabalhada em aplicações comerciais, voltadas para dotar os sistemas de informação de um nível de inteligência que facilite oferecer ao usuário melhores condições de negócio. O domínio das artes das aprendizagens está entre seus objetivos.  Norwig & Russel (2013) arriscam uma definição onde pontuam a IA como um ramo da ciência da computação. É uma tecnologia que traz a proposta de difícil aceitação para algumas pessoas. Os autores consideram ser possível a construção de dispositivos que são capazes de simular algumas capacidades tidas como humanas, tais como:

  • Raciocínio;
  • Percepção;
  • Tomada de decisões;
  • Resolução de problemas

O medo subjacente

Com estas características se considera que a máquina pode adquirir a capacidade de vir a ser inteligente. A partir desta definição tem início um fator resistência que, durante muitos anos foi um entrave ao seu desenvolvimento. Basta observar que iniciada na década 1940, até hoje ela ainda não atingiu um nível de evolução avançado. A evolução paralela da neurociência e de outras áreas do conhecimento, começam a retirar a IA do limbo a que foi submetida durante muito tempo. O uso de Algoritmos genéticos, as redes neurais e outras propostas voltam a mexer com a área. Uma das principais responsáveis por este receio foi a robótica e o aspecto antropomórfico das máquinas criadas, que aumentou em muitas pessoas o medo de serem substituídos pelos robôs. Outro autor – Hulick (2016) – traz uma taxonomia de interesse quando considera que a IA pode ser enquadrada em uma das áreas seguintes: Estudos biológicos que pretendem a imitação das redes neurais humanas, com a criação de redes neurais artificiais; Desenvolvimento de jogos; Aplicativos de segurança para sistemas informacionais; Robótica com uma proposta de substituição de ações humanas;  Reconhecimento de escrita manual; Desenvolvimento de diagnósticos médicos; Outras diversas e diferentes áreas de interesse, onde a simulação do comportamento humano se revele de interesse. Para começo de estudos nada mal. A ficção científica trabalha tanto a favor, quanto contra a inteligência artificial. Há desenhos animados e algumas histórias de ficção se tornaram virais no mundo do espetáculo. Por outro lado, algumas visões colocadas pela ficção científica. Mostrar a humanidade subjugada pelas máquinas faz com que o medo se instale no subconsciente das pessoas. Seres de metal, dotados de enorme poder intelectual e força física descomunal, que os aproximam dos super-heróis levam as pessoas a um sentimento que a vida pode se transformar em um caos.

Em busca de benefícios possíveis

Por outro lado, quando programados para desmonte de bombas colocadas por terroristas, prestar auxílio no resgate de pessoas soterradas, fazer de alguns médicos metálicos quase um Deus, ou ajudar médicos humanos a descobrir coisas que sem seu auxílio não seria possível, se adquire um sentimento de aceitação e admiração pela capacidade humana de criar coisas à sua imagem e semelhança. O problema então retorna para os seres humanos e seu bom senso, que poderá dar uma utilização boa ou má. Novamente se retorna ao tema da neutralidade da tecnologia, que já consumiu laudas e mais laudas.

Arabnia e De la fuente (2016) criticam a colocação da inteligência artificial como algo muito próximo da ficção, considerando que este posicionamento apenas presta um desserviço aos estudos sérios desenvolvidos na área. Os autores consideram que a IA já está suficientemente presente no cotidiano das pessoas. Ainda que videogames sejam citados como um campo de aplicação, há outras áreas onde os estudos têm outras finalidades. Máquinas fotográficas que fazem foco automático ou disparam ao encontrar um sorriso, corretores ortográficos que descobrem, dependendo do contexto o que o usuário queria escrever, interfaces gráficas que posicionam o usuário exatamente no local que ele queria, com grande percentual de acerto, são contraexemplos que posicionam a IA como algo prático, que já se encontra distante da ficção científica.

O caminho está aberto

Até que sua utilização seja comum nos sistemas de informação, ainda será percorrido um caminho que não é mais tão longo quanto alguns podem pensar. Logo estes sistemas estarão prestando um inestimável serviço de colaboração com os gestores estratégicos das empresas, apresentando a informação sob a forma mais indicada para que uma decisão seja tomada, considerando algum contexto específico. A frase que mais corretamente se aplica no momento atual da IA é: quem viver verá do que ela será capaz de fazer. Por isso mesmo, ao passar por um robô, cada vez mais difícil de identificar, se não lhe der um sorriso, também não precisa esconder-se atrás de alguma pilastra de proteção. Nela sempre há elevado risco de desabamento.


Antonio Siemsen Munhoz é Doutor em Engenharia de Produção, Bacharel em Engenharia Civil, Especialista em Tecnologias Educacionais, Pós-graduado em Gestão Eletrônica de Documentos, com MBA em Design Thinking


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