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Cerca de 37% dos moradores do Amazonas passou fome entre 2017 e 2018, afirma IBGE

Na comparação com os demais estados da região Norte, a condição de insegurança alimentar da população do Amazonas é a maior, com a taxa de 65,5%.

Ana Célia Ossame

Mais de 2,7 milhões, ou seja, 71% dos moradores em domicílios particulares permanentes do estado do Amazonas estavam em algum grau de Insegurança Alimentar, sendo que, destes, 37% estavam em Insegurança Alimentar moderada (819 mil) e Insegurança Alimentar (IA) grave (622 mil). Isso equivale dizer que mais de 6, a cada 10 domicílios, estavam em insegurança alimentar no Estado. O levantamento demonstrou também que tanto a situação moderada quanto a grave, colocaram o Amazonas na segunda pior posição do país, sendo inferior apenas a do Maranhão (66,2%).

Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ao divulgar hoje, 17, a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018 sobre segurança alimentar.   No total, de acordo com o órgão, 665 mil domicílios do Amazonas apresentavam Insegurança Alimentar, sendo que 322 mil com Insegurança leve; 199 mil, Insegurança moderada e 144 mil domicílios apresentavam Insegurança Alimentar grave.

De acordo com o IBGE, o conceito de insegurança moderada e grave indicam que houve privação quantitativa de alimentos, e que a fome esteve presente.

Considerando o nível de IA grave como a forma mais severa de baixo acesso domiciliar aos alimentos, é possível afirmar, com base nos resultados da POF 2017-2018, que cerca de 144 mil domicílios no Amazonas passaram por privação quantitativa de alimentos, que atingiram não apenas os membros adultos da família, mas também suas crianças e adolescentes. Houve, portanto, ruptura nos padrões de alimentação nesses domicílios e a fome esteve presente entre eles, pelo menos, em alguns momentos do período de referência de três meses.

Quanto ao número de moradores do Amazonas em situação de Segurança ou Insegurança Alimentar, a POF 2017-2018 revela que, dos 3 milhões e 893 mil moradores estimados no Estado, 1 milhão e 128 mil deles, ou 29,0%, estavam em Segurança Alimentar; e 2 milhões e 765 mil, ou 71%, em situação de Insegurança Alimentar, sendo 1 milhão e 325 mil, em IA leve, 819 mil em IA moderada, e 622 mil em IA grave. Ou seja, 622.000 pessoas em todo estado passaram por privações quantitativa de alimentos, havendo assim, ruptura nos padrões de alimentação dessas pessoas.

Na comparação com os demais Estados do Norte, a proporção de Insegurança Alimentar do Amazonas é a maior, com a taxa de 65,5%. A proporção da Região Norte é de 57,0% de algum grau de Insegurança Alimentar.

O segundo Estado com maior proporção de IA é o Pará (61,2%), e o terceiro, o Amapá (59,4%). O Estado da Região Norte com menor percentual de IA é Rondônia, com 36,3%.

Região Norte 

Entre as regiões do País, a Região Norte, com um total aproximado de 5 milhões de domicílios, cerca de 2,2 milhões tinham segurança alimentar. No entanto, em 2,8 milhões de domicílios, havia alguma insegurança alimentar. Desses, em 1,6 milhão de domicílios a insegurança alimentar era leve, em 749 mil domicílios a insegurança alimentar era moderada e em 508 mil domicílios, a insegurança alimentar era grave. Assim, 43,0% dos domicílios da Região Norte apresentaram segurança alimentar.

Em relação às outras grandes regiões, a proporção de segurança alimentar do Norte foi a mais baixa. A Região Nordeste apresentou 49,7% dos domicílios com segurança alimentar, a Região Centro-Oeste, 64,8%, Região Sudeste, 68,8%, e Região Sul, 79,3%.

Consequentemente, a Região Norte foi a região que apresentou a maior proporção de domicílios com Insegurança Alimentar, 57,0% (2,8 milhões de domicílios); a Região Nordeste foi a segunda maior, com 50,3% (9 milhões de domicílios); depois, a Região Centro-Oeste, com 35,2% (1,9 milhão de domicílios); a Região Sudeste, com 31,2% (9,4 milhões de domicílios), e a Região Sul, com 20,7% (2,2 milhões de domicílios).

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