Brasil registra perda alarmante de superfície de água, com destaque para a Amazônia
Bioma amazônico perdeu 1,1 milhão de hectares em 2024; estudo do MapBiomas reforça alerta para crise hídrica e impactos das mudanças climáticas na maior floresta tropical do planeta
O Brasil perdeu, em 2024, cerca de 400 mil hectares de superfície de água, o equivalente a mais de duas vezes a área da cidade de São Paulo, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (21/3) pelo MapBiomas Água. O levantamento revela uma tendência preocupante de retração hídrica no país, com destaque para a Amazônia, que enfrentou novamente uma seca extrema e viu sua superfície de água recuar de forma significativa.
De acordo com o estudo, o território nacional coberto por rios, lagos e reservatórios naturais passou de 18,3 milhões de hectares em 2023 para 17,9 milhões em 2024, uma queda de 2%. A Amazônia, responsável por 61% de toda a superfície de água do Brasil, perdeu 1,1 milhão de hectares em um único ano, totalizando 10,9 milhões de hectares. Desde 2022, o bioma já acumula uma perda de 4,5 milhões de hectares.
“Essa redução acentuada é reflexo da combinação entre eventos climáticos extremos e o uso desordenado do solo, como desmatamento, queimadas e expansão agrícola”, avalia o pesquisador Juliano Schirmbeck, coordenador técnico do MapBiomas Água. “O Brasil está mais seco e precisa com urgência de políticas públicas voltadas para a gestão hídrica adaptativa e sustentável”, alerta.
Amazônia sob pressão
A seca histórica registrada nos últimos dois anos tem impactado drasticamente as sub-bacias da região amazônica. Em 2024, 63% das 47 sub-bacias hidrográficas apresentaram perda de superfície de água em relação à média histórica. A sub-bacia do Rio Negro, por exemplo, já perdeu mais de 50 mil hectares de espelho d’água.