DESTAQUEREGIÃO AMAZÔNICA

Indígenas e ribeirinhos discutem desastre climático em fórum pan-amazônico

Evento reuniu povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos e defensores dos direitos humanos e da natureza, dos dias 28 e 31 de julho, na UFPA

Com as atividades marcadas pelo debate sobre a publicação “Golpe Verde: falsas soluções para o desastre climático”, organizado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), aconteceu a da décima edição do Fórum Social Pan-Amazônico – o Fospa 2022, no estado do Pará, no último final de semana.

O evento reuniu povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos e defensores dos direitos humanos e da natureza, entre os dias 28 e 31 de julho, na Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém (PA).

Ao falar sobre a publicação “Golpe Verde: falsas soluções para o desastre climático”, o representante do Cimi,

Lindomar Padilha, avaliou que os projetos de economia verde se comportam como “falsas soluções” – um pretexto para que o capitalismo siga avançando – e agravam os cenários social, climático e territorial.

“Como é que a empresa que polui é a mesma empresa que preserva? Qual é a lógica que está por trás disso? Isso se chama ‘Adicionalidade’, que está no Artigo 12 do Protocolo de Quioto. Quanto mais o empreendimento impactar o meio ambiente, maior será o valor daquela área preservada. Exemplo disso são as empresas frigoríferas”, explicou Lindomar, para quem não é possível entender como é que a empresa que polui é a mesma empresa que preserva. “Qual é a lógica que está por trás disso? Isso se chama ‘Adicionalidade’?”, questionou.

No último Relatório de Violência Contra os Povos Indígenas – dados 2020, o Cimi mostrou que “existe um roteiro para o extermínio dos povos indígenas livres ou isolados no Brasil. Estão em situação de extrema ameaça, só comparada ao período da ditadura militar, quando muitos foram dizimados ou sofreram drástica redução populacional”.

Com estímulo do governo, ficou demonstrado ter havido o aumento do desmatamento, das queimadas e das invasões das terras indígenas e das unidades de conservação agrava o cenário dos povos indígenas livres.

De acordo com os dados do último Relatório de Violência do Cimi, 24 terras indígenas – onde existem registros de presença de 48 povos isolados – estão invadidas por madeireiros, garimpeiros, grileiros, caçadores, pescadores e extrativistas. Ao todo, o Cimi reconhece a existência de 116 povos indígenas em situação de isolamento voluntário, enquanto a Funai confirma, oficialmente, apenas 28.

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