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Governo do Amazonas inaugura escola bilíngue português-espanhol, próximo de abrigo onde vivem venezuelanos

Escola Estadual de Tempo Integral Maria Arminda tem 18,5% de alunos venezuelanos e foi uma das mais de 360 escolas recuperadas durante a gestão do governador Wilson Lima

Com o crescimento do fluxo migratório da Venezuela para a capital do Amazonas, a partir de 2015, quando um grupo de venezuelanos indígenas pediu refúgio no Brasil, o bairro do Coroado, na zona Leste de Manaus, acabou se tornando um dos mais habitados por imigrantes daquele país, muitos dos quais direcionados para moradia no abrigo público instalado no bairro.

Para beneficiar as crianças venezuelanas em idade escolar, que estão fora da sala de aula e também perambulando pelas ruas da capital, além dos manauaras que vivem naquela zona da cidade, o governo do Amazonas revitalizou e ampliou a Escola Estadual de Tempo Integral (EETI) Maria Arminda Guimarães de Andrade, a segunda unidade bilíngue português-espanhol do Amazonas.

Localizada a pouco mais de um quilômetro do Abrigo Público de Refugiados Venezuelanos do Coroado, a escola tem 18,5% de crianças do país estrangeiro entre os alunos matriculados para o ano letivo de 2022. A escola de tempo integral é uma das mais de 360 unidades revitalizadas pelo Governo Wilson Lima, nos últimos três anos. Em média, a cada três dias, uma escola recuperada foi inaugurada.

De acordo com a Secretaria de Educação e Desporto, dos 270 estudantes matriculados na EETI Maria Arminda, 50 são imigrantes da Venezuela. Dois deles são filhos da autônoma Neumaris Cristina, 34. Ela veio para o Brasil há quatro anos e disse estar emocionada com a oportunidade de matricular os filhos, Sebastian e Gloriangel Isabela, de 7 e 5 anos, respectivamente, em uma escola onde a barreira linguística não será obstáculo.

“Olha, é muito bom, porque como são crianças ainda não sabem falar muito bem. Por exemplo, meu filho ainda fala muito enrolado, não entende muito bem. É uma oportunidade muito importante, uma interação do espanhol com o português. Vai ser ótimo para a gente se comunicar, ainda mais para as crianças”, ressaltou.

Os pequenos estavam contando os dias para começar a estudar. “Estou muito feliz, estou orgulhoso, quero conhecer meus colegas. Estou muito ansioso para aprender, muito”, festejou.

Cinco anos fechada

Ao descrever a EETI Maria Arminda Guimarães de Andrade, a gestora Luciane de Castro, de 45 anos, usou a analogia da fênix, pássaro da mitologia grega que renascia das próprias cinzas. A unidade de ensino, reinaugurada nesta segunda-feira (14/02), data em que foram retomadas as aulas presenciais da rede estadual, foi uma das 361 escolas revitalizadas pelo governador Wilson Lima, desde 2019.

Originalmente, a EETI foi inaugurada há 39 anos e, em 2016, precisou ser desativada, depois que o telhado apresentou comprometimento e potencial risco de queda. Desde lá, a unidade até ensaiou alguns retornos: como escola de formação da Polícia Militar do Amazonas (PMAM) e, posteriormente, abrigo para imigrantes venezuelanos. As ideias, porém, nunca avançaram.

“A reabertura dessa unidade representa, para a nossa comunidade do Coroado, uma vitória. A escola estava fechada há seis anos, e nós viemos para cá para conseguir terminar essa revitalização. Conversamos com vários comunitários, presidente da comunidade, presidente da escola de samba, senhoras e senhores, pais aqui da comunidade. Foi onde nós percebemos a necessidade de ser uma escola de Tempo Integral de 1º ao 5º ano, para a gente poder resgatar as crianças da rua, fazendo com a educação delas fosse de primeira, um ensino de qualidade”, afirmou Luciane.

Enquanto esteve desativada, uma figura teve importante papel para que a estrutura da EETI não fosse ainda mais comprometida. A secretária escolar Miriam Roque, 58, entrou na equipe de servidores da unidade por meio de concurso público, como agente de serviços gerais, há 18 anos, e, em 2013, foi promovida ao cargo que exerce até os dias de hoje.

“Estou muito feliz e vou ficar mais feliz quando eu vir as crianças entrando [na escola], porque, depois que eu entrei, me formei em Licenciatura em História. Eu amo a Educação, e aprendi a amar a Educação aqui dentro da Maria Arminda”, contou Miriam.

Revitalização

O governador Wilson Lima deu início à revitalização da unidade escolar no último ano, com investimento da ordem de R$ 1,2 milhão. Dentre os principais serviços que a EETI recebeu, estão a troca de todo o telhado, paredes, parte elétrica, portas, janelas e toda área de esquadrias, além de pintura interna e externa.

A escola, que atende estudantes do Ensino Fundamental 1, possui oito salas de aulas, refeitório, banheiros, biblioteca, pátio, quadra de esportes, espaço maker, laboratório de Ciências, escovódromo, estacionamento e salas administrativas.

Sobre a patrona

Maria Arminda Guimarães de Andrade nasceu em 5 de julho de 1905, em Manaus. Estudou dos 5 aos 15 anos em Portugal, retornando, em seguida, à capital amazonense. Casou-se com Jorge Aguiar de Andrade, em 1989, com quem teve cinco filhos.

Personagens Neumaris Cristina e os filhos, Isabela e Sebastian

Em 1949, aos 44, iniciou a vida profissional do Magistério, após ficar viúva. Ela sempre lecionou no Instituto de Educação do Amazonas (IEA), onde foi uma professora com bastante envolvimento com a comunidade, chegando a dar aulas, inclusive, de bordados.

Fotos: Bruno Zanardo, Lucas Silva e Diego Peres/Secom

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