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Morre Thiago de Mello, o poeta da floresta autor dos Estatutos do Homem

Nascido Amadeu Thiago de Mello, em Barreirinha, interior do Amazonas, em 30 de março de 1926, além dos Estatutos do Homem, escreveu Faz Escuro Mas eu Canto, entre outras obras icônicas

Morreu na manhã desta sexta-feira (14/01), aos 95 anos, o poeta, escritor, jornalista, artista gráfico e roteirista Thiago de Melo, considerado um dos poetas mais influentes e respeitados do Brasil, além de ser um ícone da literatura amazônida.  Ainda não se sabe as causas da morte.

“Fica decretado que agora vale a verdade, que agora vale a vida, e de mãos dadas, marcharemos todos pela vida verdadeira”. Este é o artigo 1º do histórico poema Os Estatutos do Homem, que Thiago de Mello escreveu como uma resposta ao AI-5 e que virou hino de uma geração. Serve como registro de uma resistência e de esperança.

Escrito logo depois do golpe de 1964, quando ele era adido cultural no Chile, onde se tornou amigo de Pablo Neruda, os Estatutos do Homem, serve para hoje, mais de cinco décadas depois de ter sido escrito.

“Fica decretado que os homens / estão livres do jugo da mentira. / Nunca mais será preciso usar / a couraça do silêncio / nem a armadura de palavras. / O homem se sentará à mesa / com seu olhar limpo / porque a verdade passará a ser servida / antes da sobremesa”, diz o artigo 5º do poema.

Entre tantas outras obras icônicas, Thiago de Mello escreveu Faz Escuro Mas eu Canto. Faz escuro mas eu canto, porque a manhã vai chegar. Vem ver comigo, companheiro, a cor do mundo mudar. Vale a pena não dormir para esperar a cor do mundo mudar. Já é madrugada, vem o sol, quero alegria, que é para esquecer o que eu sofria. Quem sofre fica acordado defendendo o coração. Vamos juntos, multidão, trabalhar pela alegria, amanhã é um novo dia.

Suas obras foram traduzidas para mais de trinta idiomas.

O poeta da floresta como é conhecido, Thiago de Mello viveu parte da vida no Rio de Janeiro até decidir voltar para a floresta em 1977, à beira do Rio Andirá, a 330 quilômetros de Manaus, onde morava até esta sexta-feira. Na época, ouviu do amigo Carlos Heitor Cony que seria esquecido. Não foi.

Homenagens

O governador Wilson Lima decretou luto oficial de três dias pelo falecimento do poeta Thiago de Mello, aos 95 anos de idade. Um dos maiores e mais respeitados poetas brasileiros, Thiago de Mello é um expoente da cultura amazônica e deixa um importante legado para a literatura mundial.

“É uma perda irreparável para nossa cultura. Que Deus conforte familiares e amigos do nosso grande poeta”, disse Wilson Lima.

Thiago de Mello foi homenageado pelo governo do Amazonas em 2021, quando artistas de diferentes segmentos se uniram para a leitura do poema “Faz escuro, mas eu canto”.

Um dos primeiros posts no Twitter, lamentando a morte de Thiago de Melo, foi feito pelo senador amazonense Plínio Valério que escreveu:

“Lamentamos a partida do poeta amazonense Thiago de Mello, um dos mais influentes do país e ícone da nossa literatura. Nascido em Barreirinha, completou 95 anos em 2021, ano em que uma de suas principais obras “Faz escuro, mas eu canto”, inspirou a 84ª bienal de São Paulo. ”

De acordo com informações divulgadas pela Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa, o velório será realizado no Centro Cultural Palácio Rio Negro, na avenida Sete de Setembro, 1546, Centro, com horário a confirmar e seguindo todos os protocolos de segurança sanitária.

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