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Referência no tratamento da doença, Amazonas registra redução de 7% nos casos de malária em 2021

Estado, que é referência no tratamento da doença e pioneiro no uso de medicamento inovador para combate à malária, foi palco da abertura do evento “Brasil Sem Malária”, em Manaus

Dados epidemiológicos divulgados pela Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas Dra. Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP) apontam que, de janeiro a outubro de 2021, foram notificados 46.842 casos da doença. O total representa uma redução de 7% em relação ao mesmo período de 2020, quando foram notificados 50.418 casos. A redução no número de casos é resultado do trabalho em parceria que o governo estadual e a prefeitura de Manaus realizam para conter a proliferação da doença.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o teste de G6PD em outubro de 2018

Por conta dos resultados positivos que vêm sendo alcançados, o Amazonas foi o estado escolhido pelo Ministério da Saúde (MS), para abertura do evento “Brasil Sem Malária”, em alusão ao Dia da Malária nas Américas, realizado neste sábado (06/11), no Centro de Convivência da Família Padre Pedro Vignola, zona norte de Manaus.

“O Amazonas é referência no tratamento da malária há muitas décadas, inclusive a Fundação de Medicina Tropical, mas a gente tem esse passo a mais, agora no tratamento de malária, que é uma doença negligenciada e que nós precisamos de uma ferramenta diferenciada no tratamento, visando o melhor controle e eliminação da doença no futuro”, acrescentou o pesquisador, que esteve no estande da FMT-HDV, durante o evento “Brasil Sem Malária”, afirma Marcelo Brito, pesquisador da Fundação de Medicina Tropical.

No Amazonas, as ações de diagnóstico da malária são coordenadas pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), junto às unidades de saúde. “Hoje nós realizamos o diagnóstico da malária em todas as unidades de saúde do Estado, incluindo capital e interior. A maioria das pessoas apresentam traumatologia, febre, dor de cabeça, calafrios e, com esses sintomas, elas podem procurar as nossas unidades de saúde. Temos profissionais treinados para realizar o diagnóstico”, explica a subgerente de Endemias do Lacen, Ruth Cruz.

A diretora-presidente da FVS-RCP, Tatyana Amorim, destaca que a redução é fruto da aplicação de medidas de prevenção, controle e eliminação da doença.

“Nós temos repasses federais anuais programados, todos para ações estratégicas de combate à malária. Por isso hoje esse evento aqui, justamente para lembrar à população, uma mobilização social de educação e saúde, para que possamos aderir às estratégias de prevenção. O Amazonas foi escolhido por conta dessas ações, que constataram redução de 7%”, ressalta Tatyana.

O evento, que foi aberto pelo governador Wilson Lima e pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, contou com oito estandes coordenados pelas instituições parceiras da FVS-RCP engajadas no combate à malária: SES-AM, Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), Secretaria de Estado de Educação e Desporto, Secretaria Municipal de Saúde de Manaus (Semsa-Manaus) e Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

No Amazonas, as ações de diagnóstico da malária são coordenadas pelo Laboratório Central (Lacen), junto às unidades de saúde

Tratamento

O Amazonas começou, no dia 20 de setembro, a fase de implementação da tafenoquina, medicamento que reduz o tempo de tratamento da malária vivax. Seis unidades da rede pública estadual de saúde na capital passaram a receitar o medicamento, juntamente com o teste G6PD, para diagnóstico deste tipo da doença. Manaus e Porto Velho (RO) são as primeiras cidades do mundo a utilizarem esse tratamento.

A tafenoquina é um medicamento administrado em dose única, que facilitará a adesão do paciente e será uma alternativa ao tratamento com primaquina, administrada por sete dias. A nova droga não exclui o uso associado com cloroquina.

“A tafenoquina vem como um avanço justamente por diminuir esses sete dias de primaquina e o tratamento pra ser feito somente em um dia. Então são três dias de cloroquina, mais um dia de tafenoquina. O Ministério da Saúde propôs para os estados do Amazonas e Rondônia para iniciarmos a implementação da tafenoquina e da testagem rápida de G6PD”, explica Marcelo Brito.

A medicação pode ser administrada para maiores de 16 anos que, obrigatoriamente, realizaram o teste de G6PD, uma enzima protetora presente no organismo humano. Pessoas com deficiência na produção dessa enzima podem apresentar reação (hemólise) ao uso de antimaláricos. A testagem irá proporcionar maior segurança e tratamento adequado aos pacientes.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o teste de G6PD em outubro de 2018. A tafenoquina foi aprovada, em outubro de 2019, com base nos estudos clínicos de Fase 3 também realizados em Manaus e Porto Velho.

“Brasil Sem Malária”

Ciclo biológico do vetor da malária

Os estandes no evento contaram com exposições sobre o ciclo biológico do vetor da malária e as ações para o controle da doença, incluindo mostras de mosquiteiros impregnados, bombas para borrifação de inseticidas e do material utilizado para o teste de diagnóstico rápido.

Também contemplaram ações educativas, com jogos infantis com informações sobre a malária, e exposições dos trabalhos realizados pela FVS-RCP, FMT-HVD, Inpa e do Ministério da Saúde, que vai abordar o Programa Nacional de Prevenção e Controle da Malária (PNCM).

Além da capital, a mobilização acontece simultaneamente nos municípios do interior, sob a coordenação das secretarias municipais de Saúde.

Fotos: Lucas Silva/Secom

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