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Baixa procura de adolescentes por atendimento urológico piora na pandemia e acende alerta

Apenas 1% dos adolescentes do sexo masculino já foi ao urologista enquanto 34% das meninas fazem consultas anuais ao ginecologista

A exemplo da relação das mulheres com o ginecologista, o urologista ajuda a cuidar da saúde do homem desde a adolescência. E quanto mais cedo o jovem for acompanhado por esse profissional, menos riscos de doenças relacionadas ao seu órgão sexual e sistema urinário ele terá. Segundo pesquisa da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), apenas 1% dos adolescentes do sexo masculino já foi ao urologista, enquanto 34% das meninas fazem consultas anuais ao ginecologista. Durante a pandemia, a busca por atendimento diminuiu ainda mais e acende um alerta sobre a importância da prevenção.

Segundo o urologista Flávio Antunes, a ida ao médico ficou ainda mais importante durante a pandemia da Covid-19 já que houve o aumento da ansiedade, agravamento da insônia, depressão e impulsos autodestrutivos nessa faixa etária.

“O surgimento de outras doenças, que poderiam ser evitadas com uma simples consulta ao urologista, pode agravar ainda mais esse quadro psicológico”, destaca o especialista.

Pesquisa

A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) realizou em 2020 uma pesquisa inédita para entender como o adolescente, entre 12 a 17 anos, vê como a pandemia da Covid-19 impactou sua vida. Segundo o estudo, a pandemia não interferiu apenas nos hábitos alimentares, social, físico e mental dos adolescentes, mas na sua saúde sexual também.

De acordo com os dados do estudo, 15% dos adolescentes entrevistados afirmaram já terem tido relação sexual, sendo que 44% não usaram preservativo na primeira experiência e 35% não usam ou usam raramente o preservativo. Já 38,57% dos meninos confessaram não saber sequer colocar o preservativo. Diante deste cenário, o que mais assusta é que apenas 1% dos adolescentes do sexo masculino já foi ao urologista enquanto 34% das meninas fazem consultas anuais ao ginecologista.

Cuidados na pandemia

Flávio Antunes explicou a importância do acompanhamento precoce do adolescente com o urologista. Ele alertou ainda sobre os cuidados durante a pandemia. Distanciamento social, uso da máscara, álcool em gel e, principalmente, a vacinação – que já está disponível para os adolescentes – são fundamentais para que possamos voltar ao normal.

“Existem doenças que acometem crianças e adolescentes que passam desapercebidas pelos pais e o médico especialista pode diagnosticar com o exame físico, que seria a apalpação, para prevenir problemas futuros. O acompanhamento regular e o diagnóstico correto podem ajudar a prevenção de várias doenças como o câncer de pênis. A campanha #VemProUro, da Sociedade Brasileira de Urologia, incentiva a ida dos meninos ao médico, além de engajá-los sobre os cuidados permanentes com o corpo e a mente”, ressalta Antunes.

Câncer de pênis

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de pênis é um tumor raro, com maior incidência em homens a partir dos 50 anos, embora possa atingir também os mais jovens. No Brasil, esse tipo de tumor representa 2% de todos os tipos de câncer que atingem o homem, sendo mais frequente nas regiões Norte e Nordeste. Apesar de raro, o câncer de pênis matou 458 homens em 2019, e o principal motivo é a má higiene íntima.

“Assim como as meninas, os garotos também precisam de orientações sobre cuidados, principalmente, com a higiene íntima. Assim, desde novo, o homem faz todos os procedimentos necessários para se evitar o câncer de pênis. Vale lembrar que essa ausência prolongada de consultas com um especialista pode acarretar outras doenças, como: doenças sexualmente transmissíveis, varicocele, balanopostite e fimose”, destacou o urologista.

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