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Visita técnica ao antigo Museu do Porto amplia possibilidades para revitalização do Centro Histórico de Manaus

Fechado há mais de 20 anos, o espaço faz parte projeto “Nosso Centro”, incluído no programa de crescimento econômico e social lançado pelo prefeito David Almeida, o “Mais Manaus”, que prevê investimentos da ordem de R$ 1,2 bilhão nos próximos anos

Entre peças de navegação de ferro fundido, máquinas de eletricidade, tijolinhos, a beleza do patrimônio e com a vista perto do rio Negro, o antigo Museu do Porto foi ponto de encontro da equipe da Prefeitura de Manaus, que trabalha para as obras de revitalização do centro histórico da cidade.

A edificação histórica instalada na rua Governador Vitório, esquina com a travessa Vivaldo Lima, é um dos pontos da história da capital, que faz parte da conexão entre passado e futuro, que se desenha para um dos projetos do “Nosso Centro”. O espaço está fechado há mais de 20 anos.

O “Nosso Centro” faz parte do programa de crescimento econômico e social lançado pelo prefeito David Almeida, o “Mais Manaus”, que prevê investimentos da ordem de R$ 1,2 bilhão nos próximos anos.

Durante visita ao antigo museu, a professora, jornalista e historiadora Etelvina Garcia voltou a lembrar da importância da área portuária para a capital, onde a cidade nasceu.

“Estamos fazendo uma viagem, uma tempestade de ideias, de como podemos recompor a história da capital com recursos modernos, juntando história e tecnologia para colocar todo o conhecimento da história à disposição do mundo”.

Para o diretor-presidente do Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb), engenheiro Carlos Valente, a visita in loco serviu para alinhar com maior propriedade o conceito e a escala do que é o porto para a cidade.

“Quando se fala Museu do Porto, geralmente se remete ao porto construído pelos ingleses. Mas a escala histórica dos portos de Manaus começa desde o surgimento do Forte da Barra e perpassa por toda uma evolução portuária e de navegação”, afirmou.

A escala portuária é maior, com as grandes navegações pelos rios Negro e Amazonas, sua importância histórica e cultural, que deve estar representada no trabalho museológico.

“Essa escala merece e precisa ser ampliada. O Implurb, dentro do projeto ‘Nosso Centro’, comandado pelo prefeito David Almeida, está atuando para aprofundar essas prospecções”, disse Valente.

Natureza comercial

Manaus é uma cidade que por natureza nasceu fazendo comércio e enriqueceu com as linhas comerciais internacionais. Mostrar a verdadeira revolução cultural e tecnológica da época, para jovens, estudantes, visitantes e turistas é um dos objetivos da revitalização para o museu.

“O porto dos ingleses é apenas um dos portos que a capital teve. Foi a ampliação do porto de origem da cidade, que teve mão de obra indígena, na época, os Tarumãs”, falou a professora, destacando que essa participação das pessoas e as raízes culturais devem ser referência para o conceito do museu.

O prédio foi o primeiro construído na área, o número um da Manáos Harbour Limited, feito para abrigar as instalações da usina elétrica que daria a sustentação para as obras portuárias em sequência, como armazéns, doca, roadway e outros.

“Estávamos ligados com o mundo. Os navios chegavam de Liverpool e dos Estados Unidos e ficavam no meio da baia do rio Negro. Os passageiros eram transbordados dos grandes navios da época para pequenos botes até a rampa da Imperatiz”, contou Etelvina Garcia.

Para ela, a recomposição histórica naturalmente passa pelo porto, grande elo de Manaus com todo o espaço amazônico e com o resto do mundo. “Estamos aqui sonhando, e sonhar é preciso”.

O diretor-presidente da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult), Alonso Oliveira, comentou que a visita é um marco em um espaço de pura história da capital, mostrando sua dimensão passada, atual e do que se apresente para o futuro.

“Foi uma visita agradável e que passa uma mensagem para a população, de que na gestão David Almeida temos o compromisso de cuidar da cidade, das pessoas e que, em um espaço de tempo, teremos este lugar revitalizado, com um projeto magnífico”.

Projeto que deve se integrar e conectar também à área do Booth Line. Para um Museu do Porto de 2022, os grupos técnicos, colaboradores e prefeitura buscam a modernidade, que a viagem deixe as canoas e navios a vapor para dar lugar ao touch screen, levando os visitantes a uma navegação no tempo, mostrando, por exemplo, a implantação da navegação comercial que cruzava águas até chegar à bacia amazônica.

Também poderá se viajar e recordar a riqueza da borracha e as grandes transformações promovidas na capital, a partir da linha direta de navegação entre Manaus e Liverpool.

Nosso Centro

O “Nosso Centro” concentra os trabalhos da Comissão Técnica para Implementação e Revitalização do Centro Histórico de Manaus, criada pelo prefeito David Almeida. Ela conta com membros do Implurb, Secretarias Municipais de Finanças e Tecnologia da Informação (Semef) e do Trabalho, Empreendedorismo e Inovação (Semtepi), além da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult).

História

O Museu do Porto foi criado em meados da década de 1980, reunindo valioso acervo do complexo portuário construído pela Manáos Harbour Limited, a empresa inglesa a quem a firma B. Rymkiewicz & Companhy transferiu os direitos e obrigações conquistados em concorrência pública em contrato assinado com o governo da República, em 1901, para executar obras de melhoria no porto de Manaus.

O museu foi instalado na antiga casa de máquinas da Manáos Harbour, o prédio número um da história do porto, construído para abrigar a usina de eletricidade que alimentaria a execução de obras e garantiria o funcionamento dos equipamentos e instalações por seis décadas.

Ali também se reuniu fotografias, instrumentos náuticos, mobiliário dos gabinetes dos diretores da empresa inglesa, atas, livros fiscais, plantas, orçamentos e cronogramas das construções de todos os prédios, pontes, cais, muralhas, armazéns, linhas férreas e outros.

Eram mais de 300 peças, incluindo uma antiga locomotiva, que ainda está no local. O prédio histórico é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Fotos – Divulgação / Implurb e Manauscult

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