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Com salários atrasados e sem plano de saúde, trabalhadores da empresa Liga cruzam os braços em Manaus

Empresa é terceirizada da Refinaria de Manaus e sindicato da categoria cobra fiscalização dos dirigentes da Reman

Aproximadamente 150 trabalhadores da empresa Liga, terceirizada da Refinaria de Manaus (Reman) entraram em greve na manhã de quarta-feira, 17, reivindicando pagamento de salários atrasados há três meses, falta de equipamentos de proteção e segurança e também cobrando um plano de saúde e odontológico, inexistente mesmo nesse tempo de pandemia de covid-19.

Desde novembro do ano passado, os trabalhadores tentam dialogar com a empresa e pedir providências, mas nada acontece, explicou o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Petróleo no Amazonas (Sindpetro-AM), Marcus Ribeiro.

“A categoria tentou ao máximo compreender a situação da empresa, mas só vai voltar ao trabalho quando for iniciado o processo de regularização do pagamento dos salários”, informou o coordenador.

Dessa forma, os trabalhadores foram para casa e esperam por promessa de que até a sexta-feira, 19, a empresa faça algum depósito.

Greve legítima

A paralisação dos trabalhadores da Liga ocorre em meio a greve local dos petroleiros no Amazonas, que por sua vez reivindicam condições seguras de trabalho e por direitos ameaçados pela venda da Reman.

Os petroleiros aderiram à greve nacional da categoria após o anúncio da Petrobras de demissão em massa, na Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen) e já se estende a 13 estados do país, segundo a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP).

“A paralisação dos trabalhadores da Liga é legítima e tem apoio da categoria petroleira, pois faz parte da luta em defesa da vida e dos direitos do trabalhador”, disse Marcus, lembrando que a Liga é a empresa que realiza serviços de manutenção nas instalações da refinaria, serviços essenciais para a categoria petroleira manter os trabalhos.

De acordo com ele, a luta por segurança nos postos de trabalho deve ser todos os trabalhadores da Reman, que estão sendo diretamente impactados pelas medidas intransigentes da gestão atual da refinaria.
“A Reman é responsável por fiscalizar de contrato das empresas terceirizadas e deveres com os trabalhadores”, afirmou o coordenador do sindicato.

A percepção dos trabalhadores é que a atual gestão não se preocupa com a vida dos trabalhadores, acelerando tanto o processo de precarização dos trabalhadores quanto do sucateamento da Refinaria de Manaus, para que seja vendida por preço aquém do que vale.

“Quando a Reman for vendida, ela vai se tornar apenas terminal, vai deixar de ter o status de refinaria, apesar do seu potencial”, lamentou.

A falta de plano de saúde em meio aos elevados números de casos de Covid-19 em Manaus e a ausência de medidas corretas de prevenção ao Covid-19 dentro das instalações da Reman, também estão sendo cobrados pelo Sindipetro-AM.

De acordo com o Sindipetro, a paralisação dos trabalhadores da Liga ocorreu em frente a Reman de forma pacífica.

A reportagem do Portal Valor Amazônico encaminhou e-mail à Liga Engenharia, cuja sede é em Aracaju, capital de Sergipe, para saber a posição da empresa, mas até o momento não obteve retorno.

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