DESTAQUEMEIO AMBIENTE

Lagartas desfolhadoras atacam vegetação nos parques de Manaus

No Passeio do Mindu, além de devorarem as árvores, a presença dos insetos incomoda os frequentadores, porque jogam excrementos, caem sobre as pessoas, infestam bancos, corrimãos e calçadas

Maria José Tupinambá

Durante a pandemia, muitos cidadãos de Manaus adotaram o Passeio do Mindu, no Parque 10, zona Centro-Sul de Manaus, espaço arborizado e tranquilo, como local de lazer e da prática de exercícios físicos. Diariamente, pessoas de todas as idades, fazem caminhadas, corridas, andam de bicicleta, patins, skate e fazem ginástica funcional.

Nas últimas semanas, a vegetação do local começou a mudar com a chegada de lagartas, que além de devorarem as folhagens, também jogam excrementos, se soltam da vegetação e caem sobre as pessoas, infestando bancos, corrimãos e calçadas. Muitas árvores estão desfolhadas e apresentando apenas os talos sem demonstrar poder de regeneração, pois os insetos, além de se alimentarem continuamente, também estão se reproduzindo aceleradamente.

Além de cair sobre as pessoas, as lagartas infestam bancos, corrimãos e calçadas

A entomologista Ana Maria Santa Rosa Pamplona, pesquisadora da Embrapa Amazônia Ocidental em Manaus, sabe quem são novas frequentadoras do Passeio do Mindu que chegaram alterando o cenário do ambiente e tirando a tranquilidade dos manauaras que elegeram o local como refúgio.

Ela explica que são lagartas desfolhadoras que aparecerem em períodos cíclicos na cidade. No meio cientifico são conhecidas como lagartas de Urbanus acawoios (Lepidoptera:Hesperiidae) que infestam as palheteiras (Clitoria racemosa) (Leguminosae), espécie de árvore muito encontrada  na Região Metropolitana de Manaus, ocasionando severo desfolhamento.

A literatura acadêmica, os pesquisadores Manuel Dias Nogueira e Mohamed Ezz El-Din Mostafa Habib (NOGUEIRA& HABIB/2002) escreveram que nas condições climáticas de Manaus, essa espécie de lagartas têm um ciclo médio de vida por geração, variando de 36 a 50 dias, ocorrendo até três gerações sucessivas.  Ou seja, é passageiro, mas elas vão provocar um estrago grande na vegetação e incomodar bastante os frequentadores do Passeio do Mindu e de outros espaços públicos da capital amazonense.

Ainda segundo esses mesmos autores, além das condições climáticas propícias e a ausência de inimigos naturais eficientes no período, favorece as infestações, por isso, ela ocorre em vários locais públicos de Manaus.

Essas lagartas também são consideradas praga de uma série de outras leguminosas entre as quais o feijão e a soja. E têm apresentando problemas em outros estados das regiões Norte e Sudeste, com registros de surtos severos. Mas o atraque da lagarta não é limitante para retirada desta essência florestal do cenário da arborização, pois existe alternativa para de controle.

Como medidas de controle do inseto, entomologista Ana Maria Pamplona, comenta que existem experimentos que utilizou aplicação de microrganismos entomopatogênicos (uso de fungos que causam doenças em insetos como bioinseticida) sobre a praga, que resultou na constatação de pupas e lagartas parasitadas.

Outra possibilidade segundo a literatura consultada é a aplicação de Bacillus thuringiensis, var.Kurstaki, em formulação pó molhável nas dosagens de 750 g/ha ou 250 g/ha, provocando a morte de lagartas, “sendo recomendado para o controle da praga”.

Arborização

Depois atacada pelas lagartas, a Palheteira, perdeu toda a folhagem

A palheteira, também conhecida por sombreiro ou sombra-de-vaca ou palheteira, árvore ataca pelas lagartas no Passeio do Mindu, está presente em todo o Brasil, com domínio fitogeográfico na floresta amazônica. É conhecida popularmente por sombreiro devido ao enorme tamanho e espessura de sua copa. O sombreiro é muito utilizado na arborização de estradas, praças, jardins e parques de estacionamento.

O sombreiro é uma árvore de grande porte com uma altura que varia de 5 a 10 metros e de 10 a 15 metros, porém possui um tronco curto (de 30 a 40 cm de diâmetro). Floresce durante o verão, podendo prologar sua floração até os meses de abril e maio em algumas regiões. Seus frutos amadurecem no período entre os meses de maio e julho, quando se inicia a queda das folhas. Possui folhas brilhantes e é uma árvore frondosa.

Pelas características de sua copa, o sombreiro é muito utilizado na ornamentação de ambientes urbanos e é plantado em parques e jardins, com preferência para solos férteis e úmidos. Por possuir uma copa densa, o sombreiro é utilizado também para fazer uma ótima sombra – daí a origem de seu nome popular.  Foi muito utilizado em projetos paisagísticos e de arborização urbana nas décadas de 70 e 80 e hoje não é mais tão utilizado por causa do pouco conhecimento dos profissionais atuais sobre a espécie. Pode ser testado na recuperação de áreas degradadas por seu rápido crescimento e sua fixação de nitrogênio no solo.

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