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“Do Nada, um Hip Hop”: A força viva do movimento celebra 52 anos no Largo São Sebastião

Sem programação formal, o Largo São Sebastião foi cenário de ocupação cultural espontânea, com DJ, MCs, breakers e grafiteiros celebrando a resistência e criatividade do Hip Hop — e convidando tod@s a ocupar o espaço da arte.

Na noite de segunda-feira (11/8), o Largo São Sebastião, no Centro Histórico de Manaus, foi habitado pelos sons, cores e movimentos que celebram o Hip Hop em sua forma mais visceral. O evento “Do Nada, um Hip Hop: Celebrando 52 anos de resistência, criatividade e cultura” convidou toda a comunidade — artistas urbanos, grafiteiros, MCs, DJs e público interessado — a ocupar aquele espaço público, improvisando palco e microfone e transformando a praça em um território de expressão coletiva.

Sem formato delineado, o encontro se pautou na pura essência do Hip Hop: autonomia, sororidade, cultura de rua e potência criativa. O microfone foi aberto, as batidas foram mixadas, os grafites surgiram nos cantos da praça e dançarinos urbanos tomaram a cena — tudo guiado pela liberdade, pela busca por pertencimento e pela urgência de ocupar.

“Não precisamos de roteiro. O Hip Hop é isso: juntar as pessoas, improvisar e transformar o espaço em arte. Aqui a gente prova que resistência também é diversão e criatividade”, disse MC Ruan, 28 anos, um dos primeiros a subir ao microfone.

Para Débora Santos, dançarina de Breaking que participou da roda, o encontro é um ponto de encontro entre gerações. “Eu comecei a dançar com 13 anos, inspirada pelos veteranos. Hoje eu vejo crianças de 8, 9 anos arriscando passos. Isso mostra que o movimento está vivo e se renova”, contou, suada depois de uma apresentação que arrancou aplausos.

O legado do movimento em Manaus
Criado no final da década de 1970 no Bronx (Nova York), o Hip Hop é uma linguagem que nasce como resistência, denúncia e cultura urbana — e, ainda hoje, em Manaus, busca se afirmar como modo de vida e identidade. A celebração no Largo reforçou o papel do movimento como estrutura de apoio simbólico e político para comunidades periféricas.

“Eu pinto porque quero que minha arte fale por mim. No grafite, a gente registra memórias, denuncia injustiças e colore a cidade. É a nossa forma de dizer: nós estamos aqui e não vamos nos calar”, afirmou Bia Grafite, 32 anos, que deixou sua marca em um muro lateral com um mural vibrante de cores e mensagens sociais.

Participação que pulsa no Centro
Não houve bilheteria ou curadoria rígida — o convite era coletivo: “Venha ocupar a praça com sua arte!”. Conforme relatos e registros, o evento reuniu jovens artistas e público curioso, trocando vivências, improvisando rimas, grafitando muros e celebrando a cultura que traduz voz, identidade e história.

Para Luciana Costa, moradora do Centro e mãe de uma adolescente, assistir ao evento foi uma aula ao ar livre:

“Trouxe minha filha porque é importante que ela saiba que arte não é só o que está em museus. Arte também está na rua, na música, na dança, no grafite. É o que conecta as pessoas e dá sentido ao espaço onde vivemos.”

O DJ Rafael “Beat One”, que comandou parte da noite, resumiu:

“Hoje o Largo foi nosso Bronx. Aqui teve rima, teve dança, teve pintura e, principalmente, teve união. É assim que o Hip Hop resiste.”

Reflexão jornalística com alma amazônica
Para o Valor Amazônico, essa cobertura vai além do registro — busca captar a pulsação, a mensagem que fez o Largo São Sebastião viver. O movimento Hip Hop é resistência, estética, memória e luta social. Quando ocupa uma praça histórica, desenha uma narrativa de pertencimento, democratização do espaço urbano e potência cultural. Nossa missão é fazer com que cada leitor sinta a energia que vibrou ontem no coração de Manaus.

Da reportagem do Valor Amazônico

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