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Manaus adia fiscalização eletrônica, mas excesso de velocidade segue matando nas ruas

Com mais tempo para orientação, prefeitura reforça que radares são essenciais para frear a violência no trânsito

A ativação dos 20 novos radares eletrônicos de Manaus foi adiada para o dia 1º de julho, mas o problema que eles tentam combater não espera: o excesso de velocidade segue como uma das principais causas de mortes nas ruas da capital. Só em 2024, até o mês de maio, Manaus já registrava mais de 300 mortes no trânsito — um aumento preocupante em relação ao ano anterior.

Segundo o Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU), a prorrogação tem caráter educativo. O objetivo é oferecer mais tempo para campanhas de orientação, com agentes de trânsito nos locais onde os equipamentos foram instalados, explicando aos motoristas o funcionamento dos radares e a importância do respeito aos limites de velocidade.

A iniciativa, no entanto, não surgiu por acaso. Estudos técnicos mostraram que os pontos escolhidos para receber os dispositivos apresentam alto fluxo de veículos e histórico de acidentes graves. A experiência recente na avenida do Turismo, por exemplo, é um exemplo concreto da eficácia dos radares: após a instalação de equipamentos semelhantes, o número de mortes caiu drasticamente, passando de sete para apenas uma no mesmo período do ano passado para cá.

Os equipamentos incluem radares fixos com leitura automática de placas, lombadas eletrônicas e sensores para flagrar avanço de sinal vermelho — todos aliados importantes na tentativa de conter comportamentos de risco. E os dados não mentem: o comportamento de risco mais comum no trânsito de Manaus continua sendo a velocidade excessiva.

De acordo com o próprio IMMU, 158 das mortes no trânsito em 2024 envolveram motociclistas, a maioria jovens, vítimas do desrespeito às leis, tanto por parte de outros condutores quanto deles próprios. Em muitos desses casos, o excesso de velocidade foi um fator determinante.

A Prefeitura de Manaus sabe que os radares são impopulares entre motoristas desatentos. Mas, no atual cenário, a decisão de postergar a cobrança das infrações não representa recuo — é uma tentativa de preparar a cidade para algo que já não pode mais ser adiado: a necessidade urgente de salvar vidas no trânsito.

A educação ainda é a melhor ferramenta de prevenção. Mas, onde ela falha, a fiscalização precisa entrar em cena. A expectativa é de que, com a entrada em vigor dos novos radares, Manaus finalmente comece a inverter essa curva trágica de mortes anunciadas.

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