David Almeida anuncia criação da Bolsa Verde de Manaus e aposta na economia da floresta
Durante a COP 30, o prefeito apresentou a proposta de criar uma bolsa de valores ambientais em Manaus e, em entrevista ao repórter Kennedy Costa, do Valor Amazônico, defendeu que os recursos dos créditos de carbono sejam aplicados na própria Amazônia
Belém (PA)- Em um dos momentos mais marcantes da participação do Amazonas na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), o prefeito de Manaus, David Almeida, anunciou a criação da Bolsa Verde de Manaus, um mercado destinado à negociação de créditos de carbono e ativos ambientais baseados no potencial ecológico e econômico da Amazônia.
A proposta foi apresentada no estande do Consórcio da Amazônia Legal, em Belém (PA), e busca transformar o capital natural da floresta em vetor de desenvolvimento sustentável e justiça climática.
Após o lançamento, o prefeito conversou com a imprensa e respondendo ao repórter Kennedy Costa, enviado especial do Valor Amazônico, afirmou que o objetivo é fazer da conservação uma fonte real de prosperidade para quem vive na região.
“Queremos que os recursos gerados a partir da floresta fiquem na floresta. Em nome da Amazônia, precisamos garantir que o investimento verde gere oportunidades aqui, para o nosso povo, e não apenas relatórios internacionais”, declarou David Almeida, ao Valor Amazônico.
Manaus como polo verde da Amazônia
A Bolsa Verde de Manaus é uma iniciativa inédita entre as capitais da região e busca posicionar a cidade como centro de referência no mercado climático internacional. O projeto prevê que, até 2028, o volume de transações em ativos ambientais chegue a US$ 500 milhões, movimentando créditos de carbono, serviços ecossistêmicos e projetos de bioeconomia.
Na avaliação de Almeida, o modelo tem potencial para consolidar Manaus como polo de inovação ambiental e financeira, articulando empresas, universidades, investidores e instituições multilaterais em torno da economia da floresta.
“As pessoas vivem nas cidades, e é nos municípios que os efeitos da crise climática são sentidos primeiro. Por isso, os prefeitos precisam ter voz e protagonismo na gestão dos recursos verdes”, disse.
Governança, transparência e retorno social
O projeto, segundo o prefeito, será estruturado com parcerias nacionais e internacionais, incluindo bancos de fomento, certificadoras ambientais e agências de cooperação. A intenção é garantir credibilidade, rastreabilidade e transparência aos créditos de carbono comercializados.
Parte dos recursos captados pela Bolsa Verde será destinada a programas de saneamento, gestão de resíduos, reciclagem e arborização urbana, reforçando a conexão entre o mercado de carbono e o bem-estar das populações locais.
“A sustentabilidade precisa chegar ao chão da cidade. Cada crédito negociado precisa representar melhoria real na vida das pessoas. Queremos gerar emprego, investir em saneamento e fortalecer a economia circular”, afirmou Almeida.
Desafios e oportunidades da nova economia amazônica
Especialistas apontam que a criação de uma bolsa verde em Manaus representa um salto de escala e exige governança técnica sólida, com mecanismos de verificação e controle social. O desafio é assegurar que os créditos de carbono comercializados sejam reais, mensuráveis e socialmente justos.
A proposta, no entanto, posiciona a capital amazonense como laboratório da transição verde na Amazônia — uma cidade que busca equilibrar desenvolvimento urbano e conservação ambiental. Com o modelo das ecobarreiras, o novo aterro sanitário público e as políticas de arborização e reciclagem, Manaus já vinha consolidando uma base ambiental que agora se integra à agenda global do clima.
Amazônia como protagonista da economia do clima
Para o prefeito, a COP 30 é o cenário ideal para demonstrar que a Amazônia pode gerar riqueza sem destruir a floresta. “O que queremos é transformar o potencial ambiental em capital sustentável, com benefícios reais para o nosso povo”, afirmou ao Valor Amazônico.
A Bolsa Verde de Manaus simboliza um novo ciclo: o da Amazônia que produz conhecimento, atrai investimentos e toma as rédeas do próprio futuro climático.
Com essa proposta, Manaus deixa de ser apenas observadora e se coloca no centro da economia verde global — onde a floresta, finalmente, passa a ter voz e valor.


