Expedição fluvial segue pelos rios da Amazônia levando vozes da floresta à COP30
Lideranças tradicionais, juventudes, pesquisadores e artistas avançam em jornada de diálogos, oficinas e cultura que conecta Manaus, Parintins e Belém e prepara a “Carta da Amazônia” para o encontro climático mundial
Singrando as águas do rio Amazonas, a expedição “Banzeiro da Esperança” segue nesta quinta-feira (6/11) sua travessia rumo a Belém, levando a bordo um mosaico de vozes que representam a diversidade e a força da floresta. Depois de uma recepção calorosa em Parintins, onde chegou na quarta-feira (5/11) vinda de Manaus, a embarcação continua a jornada fluvial que une tradição, ciência e mobilização comunitária, consolidando-se como um dos marcos simbólicos da mobilização amazônica para a COP30, que será realizada em 2025.
O barco carrega lideranças indígenas, ribeirinhas e quilombolas, além de pesquisadores, artistas e jovens ativistas, todos com o propósito de construir e entregar, na conferência mundial do clima, a “Carta da Amazônia” — um documento que reunirá propostas concretas de adaptação, conservação e fortalecimento da sociobioeconomia regional.

Cultura, floresta e ciência em diálogo
A parada em Parintins foi marcada por apresentações culturais e por uma agenda de integração entre as comunidades locais e os participantes da expedição. Os bois-bumbás Garantido e Caprichoso receberam o Banzeiro com mensagens de apoio à causa ambiental e à valorização das expressões culturais da Amazônia.
“A nossa casa precisa ser protegida, e o Banzeiro da Esperança representa exatamente esse sentimento de união pela floresta”, afirmou Fred Góes, presidente do Garantido.

A bordo, oficinas, rodas de conversa e painéis temáticos se somam a apresentações artísticas, criando um ambiente de aprendizado coletivo. A expedição foi concebida pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS) em parceria com a Virada Sustentável e diversas organizações sociais, com o objetivo de fortalecer o protagonismo das comunidades amazônicas diante das mudanças climáticas.
Programação de bordo e participação comunitária
Com duração de uma semana, a expedição inclui temas que abordam desde os impactos ambientais até o papel da juventude na transição ecológica. As atividades se dividem entre manhãs e tardes de oficinas e rodas de diálogo, seguidas por noites de música e feira cultural.
Entre os destaques da programação estão as oficinas “Mudanças Climáticas Vistas de Cima”, “Protagonismo Comunitário”, “Guardião da Floresta”, além das rodas “Mulheres e Mudanças Climáticas” e “Juventudes e Sustentabilidade”. No sábado (8/11), a expedição encerra com o “Manifesto da Travessia”, construído de forma colaborativa, e um grande show com artistas amazônicos, celebrando a cultura como força de transformação.
A Amazônia no centro da agenda climática
Mais do que um deslocamento físico, a travessia Manaus–Parintins–Belém simboliza o papel da Amazônia como epicentro da agenda climática global. O Banzeiro da Esperança leva consigo a mensagem de que as soluções para a crise do clima nascem também nas comunidades que vivem e protegem os ecossistemas amazônicos.
“Representar a Reserva Mamirauá nesta viagem é um sonho. Queremos mostrar que o nosso modo de vida é parte da solução e que a floresta em pé é o verdadeiro caminho para o futuro”, declarou Carlos Gonçalves, presidente da Associação de Moradores da RDS Mamirauá.
Um banzeiro de vozes e esperanças
O nome da expedição carrega o simbolismo da própria Amazônia: o banzeiro, movimento das águas provocado pela força das embarcações, representa as ondas de esperança e transformação que se espalham a partir dessa jornada.
O Banzeiro da Esperança é apresentado pela Lei de Incentivo à Cultura e pela Sabesp, com realização da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), Virada Sustentável e Ministério da Cultura. Conta com patrocínio da Heineken SPIN, Vale e WEG, além do apoio de Bemol, Ecosia, Edenred, Instituto Itaúsa e Suzano. O projeto tem ainda parceria com organizações representativas dos povos e comunidades tradicionais, como Apib, Coiab, CNS e Conaq.
Fotos: Divulgação


