DESTAQUETRANSPARÊNCIA

Entre rios e algoritmos, o TCE do Amazonas faz da fiscalização um legado que alcança todo o Estado

Aos 75 anos, a Corte de Contas celebra três décadas de presença ininterrupta nos 61 municípios do Amazonas, unindo coragem, tecnologia e compromisso com a boa gestão pública

Fiscalizar contas públicas no Amazonas é, antes de tudo, desbravar um território continental, onde o controle da gestão pública se mistura à aventura amazônica.

Neste ano em que o Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM) completa 75 anos, a Corte celebra também três décadas consecutivas fiscalizando todos os municípios do Estado — um feito histórico que traduz dedicação, inovação e coragem diante dos desafios da floresta e da distância.

Sob a gestão da conselheira-presidente Yara Amazônia Lins, o Tribunal tem reforçado sua atuação com investimentos em tecnologia, planejamento estratégico e valorização humana.

“Fiscalizar o Amazonas é compreender sua grandeza e responsabilidade. Cada auditor que parte em missão leva consigo o compromisso do TCE-AM com a boa gestão e com o futuro do nosso Estado”, destaca a presidente.

Um Estado do tamanho de um país

Com 1,55 milhão de km², o Amazonas é três vezes maior que a França — um território onde tempo e distância ganham outros significados.

Enquanto no Sul uma viagem de auditoria dura poucas horas, aqui ela pode se transformar em uma expedição de sete dias de barco pelos rios Negro, Solimões ou Juruá.

Entre voos, rabetas e estradas de barro, fiscalizar no Amazonas é um gesto de resistência e pertencimento.

“Muitas vezes enfrentamos riscos de pirataria, falta de hospedagem e até ausência de energia elétrica. Mesmo assim, cada auditor mantém a missão de garantir que o dinheiro público chegue a quem mais precisa”, relata o auditor Edisley Martins Cabral.

Planejamento e logística antes da missão

Cada viagem começa com planejamento detalhado, definição de escopo, metodologia e rotas que envolvem aviões de pequeno porte e longas travessias fluviais.

“Durante a permanência nos municípios, realizamos verificação documental e inspeção in loco das obras. Depois, emitimos notificações pelo Domicílio Eletrônico de Contas (DEC), garantindo ampla defesa e contraditório”, explica Edisley.

O auditor Euderiques Marques acrescenta que fiscalizar na Amazônia exige preparo físico e emocional:

“Há comunidades em que o acesso é só por pequenas embarcações. Às vezes o barco encalha em bancos de areia e é preciso empurrar com as mãos. É um trabalho de coragem e compromisso social.”

Fiscalizar no extremo norte do país

Com 37 anos de atuação, o diretor da Dicami, Ruy Almeida Jorge Elias, conhece como poucos o desafio da distância.

“Neste ano, realizamos auditorias em 61 prefeituras e 61 câmaras municipais. Em alguns casos, saímos de Manaus, cruzamos o Acre e voltamos ao Amazonas, porque o acesso é mais viável por lá”, relata.

As jornadas misturam estradas de barro, travessias noturnas e voos sobre a floresta, com riscos que fazem parte da rotina.

“Navegar na tríplice fronteira entre Tabatinga, Benjamin Constant e Atalaia é perigoso. No rio Japurá há garimpos e tráfico, o risco é real. Graças a Deus, nunca fomos abordados, mas a tensão existe”, descreve Ruy.

Da rabeta à fibra ótica

Se antes o alcance dependia da força do remo, hoje a tecnologia é a nova ponte do controle.

Implantada em 2017 e aprimorada pela Resolução nº 28/2021, a teleauditoria tornou-se uma ferramenta essencial de fiscalização à distância.

Sob a atual gestão, o TCE-AM inaugurou, em 2024, uma sala de teleauditorias moderna, com telas interativas, monitoramento remoto e análises em tempo real.

“O que antes levava meses de deslocamento, hoje pode ser resolvido a partir da sede do Tribunal”, afirma Ruy Elias.

“A teleauditoria não substitui a inspeção física, mas otimiza rotas e amplia a presença do controle externo, mesmo em locais de difícil acesso”, completa Euderiques.

Com o Sistema de Fiscalização à Distância (SFD), todos os 61 municípios passaram a ser monitorados eletronicamente — colocando o TCE-AM entre as Cortes mais modernas do país.

Controle que transforma realidades

Mais do que números, o alcance do TCE-AM se traduz em impacto social.

“Quando chegamos aos municípios, há uma mobilização imediata. Obras paradas são retomadas, escolas reabrem e comunidades voltam a ser atendidas”, conta Edisley Cabral.

Cada relatório é mais que uma prestação de contas — é um instrumento para que a boa gestão chegue às pontas da floresta.

“Quando fiscalizamos uma escola, uma ponte ou uma unidade de saúde, garantimos que o serviço público realmente exista”, reforça Euderiques.

75 anos de história e um futuro digital

Ao completar 75 anos de fundação e 30 de presença contínua, o TCE-AM reafirma sua vocação amazônica: unir tradição e inovação para servir à sociedade.

Entre rabetas e fibra ótica, aviões e teleauditorias, a Corte mostra que transparência, coragem e tecnologia podem navegar lado a lado pelos rios da Amazônia.

“A história do TCE-AM é escrita a muitas mãos — e por muitos remos. O que nos move é o compromisso de garantir que cada recurso público seja usado para transformar vidas”, conclui Yara Amazônia Lins.

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