“Amazonas Protegido” marca nova etapa no enfrentamento ambiental
Plano do Cemaam reforça ações integradas e descentralizadas para reduzir pressões sobre os recursos naturais e aproximar o poder público das comunidades amazônicas
O projeto “Amazonas Protegido: Controle Ambiental em Ação”, aprovado pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente do Amazonas (Cemaam), representa mais que um conjunto de operações de fiscalização. É um sinal de mudança na lógica de combate aos crimes ambientais, que passa a combinar repressão e formação, tecnologia e participação social, numa tentativa de equilibrar o desenvolvimento econômico com a preservação florestal.
Ao prever 40 operações integradas e ações educativas em 20 municípios, o programa amplia o alcance institucional do Estado e busca fortalecer a governança ambiental local — especialmente em regiões historicamente pressionadas pelo avanço da fronteira agrícola, como Lábrea, Apuí, Manicoré e Boca do Acre.
Mais do que reagir a infrações, a proposta pretende formar agentes locais de monitoramento e prevenção, capacitar gestores municipais e oferecer alternativas econômicas sustentáveis. É uma abordagem que reconhece o limite das ações pontuais e reforça a ideia de que sem educação ambiental, fiscalização sozinha não dá conta da floresta.
“Estamos investindo em tecnologia de georreferenciamento e capacitação de equipes locais. A meta é aumentar a capacidade de resposta e reduzir a reincidência de infrações ambientais”, destaca Julio César Santos, diretor-presidente do Ipaam, órgão executor do programa.
Pressões antigas, respostas novas
Dados recentes do Imazon mostram que o Amazonas responde por cerca de 11% do desmatamento da Amazônia Legal. E embora tenha avançado em monitoramento remoto e planejamento territorial, o Estado ainda convive com problemas estruturais como a grilagem de terras públicas, o garimpo ilegal e o desmatamento especulativo.
Nesse cenário, o “Amazonas Protegido” surge como um esforço político e técnico para reconectar o combate ambiental à realidade local — envolvendo prefeituras, conselhos ambientais, produtores rurais e comunidades tradicionais.
“O combate aos crimes ambientais exige um esforço contínuo e coordenado. O objetivo é integrar fiscalização, educação e alternativas econômicas sustentáveis”, resume Eduardo Taveira, presidente do Cemaam e titular da Sema.
Mais do que um programa, o “Amazonas Protegido” é uma tentativa de construir confiança entre o Estado e os territórios, num momento em que a Amazônia volta a ser o centro das discussões globais sobre clima, biodiversidade e economia verde.
Da redação do Valor Amazônico, com dados do Ipaam, Sema, Inpe e Imazon.