Com Belém capital do Brasil na COP30, a Amazônia ocupa o centro do poder
Entre 11 e 21 de novembro, a capital paraense sediará simbolicamente o poder político nacional, em gesto que reafirma o protagonismo da região no debate climático global.
A Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 358/25 que transfere, de forma simbólica, a capital do Brasil para Belém (PA) durante os dez dias da Conferência das Partes da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), marcada entre 11 e 21 de novembro. O texto ainda precisa ser apreciado pelo Senado, mas já provoca repercussão nacional e internacional.
A medida não altera a estrutura administrativa de Brasília, mas transfere temporariamente a sede dos poderes Executivo e Legislativo para a capital paraense, onde deverão ocorrer os principais atos presidenciais e ministeriais no período da COP. Para parlamentares e ambientalistas, a mudança é um gesto simbólico que busca dar visibilidade à Amazônia como protagonista na luta contra as mudanças climáticas.
Expectativa de público e desafios logísticos
A COP30 deve reunir mais de 40 mil participantes entre chefes de Estado, diplomatas, pesquisadores, jornalistas e representantes da sociedade civil. Belém já vem passando por intervenções de infraestrutura para suportar a demanda de hospedagem, transporte e mobilidade urbana. Obras de ampliação da rede hoteleira, melhorias viárias e reforço na segurança estão em curso, mas críticas apontam riscos de improviso em uma cidade historicamente marcada por deficiências de saneamento e mobilidade.
Críticas e contradições
Apesar do simbolismo, a escolha de Belém também gera controvérsia. Projetos como a abertura de uma via expressa em área ambientalmente sensível para melhorar o tráfego durante a conferência já levantaram protestos de organizações socioambientais. Para analistas, o desafio do Brasil será transformar o gesto político em compromissos reais, evitando que o protagonismo amazônico se limite a discursos.
Legado esperado
A COP30 é vista como oportunidade para projetar o Brasil como liderança global na agenda climática. Para o governo federal, o evento deve deixar como legado uma cidade mais estruturada para turismo e negócios, além de políticas públicas voltadas à preservação da floresta. A expectativa é que a conferência marque um novo capítulo no engajamento internacional pela Amazônia.
Símbolo e prova de fogo
Se Belém será a capital do Brasil por dez dias, o momento é mais do que simbólico: é uma prova de fogo para o país. O desafio será mostrar ao mundo que o discurso de defesa da Amazônia se traduz em ações concretas, garantindo que a floresta em pé seja, de fato, a prioridade de uma nação que busca liderar o debate climático global.
Foto: Agência Brasil