COP30 no Brasil enfrenta dilema de custos e logística
ONU orienta limitar presença de equipes em Belém devido a altos preços de hospedagem
A Conferência do Clima das Nações Unidas (COP30), marcada para novembro de 2025 em Belém do Pará, segue atraindo atenção mundial — mas também preocupações logísticas e financeiras. Segundo reportagem do jornal The Guardian, a ONU recomendou às suas próprias agências que limitem o número de delegados e funcionários enviados ao evento, citando o alto custo das diárias de hotéis e a escassez de acomodações disponíveis na capital paraense durante o período do encontro.
Relatos apontam que redes hoteleiras e pousadas locais já elevaram significativamente os valores das reservas para novembro, com tarifas chegando a triplicar em relação à média atual. A previsão é que Belém receba cerca de 70 mil participantes, entre chefes de Estado, diplomatas, cientistas e representantes da sociedade civil.
Risco de esvaziar delegações
A limitação sugerida pela ONU pode reduzir o tamanho de delegações de países em desenvolvimento e de agências multilaterais menores, dificultando a representação equitativa nos debates climáticos. Especialistas alertam que isso pode enfraquecer o protagonismo do Sul Global justamente na edição que acontece no coração da Amazônia.
Pressão por soluções locais
O governo federal e o governo do Pará afirmam que novas redes de hospedagem temporária, cruzeiros ancorados e plataformas de aluguel por temporada estão sendo articuladas para absorver o público esperado. A recomendação da ONU, contudo, expõe o desafio de realizar uma conferência de escala global em um centro urbano amazônico com infraestrutura limitada.
“A COP30 precisa ser o símbolo da Amazônia que queremos: inclusiva, acessível e viável. Custos proibitivos podem afastar quem mais precisa estar na mesa”, avalia a pesquisadora climática Camila Siqueira, da UFMG.