DESTAQUESETOR PRIMÁRIO

Mandioca e banana lideram produção agrícola do Amazonas e puxam salto de 73% no valor gerado em 2024

Estado movimentou R$ 3,1 bilhões e se destaca pela força de culturas tradicionais, enquanto soja e milho avançam como novas frentes no sul do território

O Amazonas registrou um crescimento expressivo de 73,7% no valor de sua produção agrícola em 2024, alcançando R$ 3,1 bilhões, segundo a Pesquisa Agrícola Municipal (PAM) divulgada nesta quinta-feira (11/9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O salto contrasta com a retração nacional de -3,9% e reforça a importância crescente do setor primário na economia estadual.

O destaque ficou com duas culturas tradicionais: a mandioca, que respondeu por 760,5 mil toneladas e R$ 1,02 bilhão, e a banana, com 173,1 mil toneladas e R$ 512,3 milhões em valor gerado. Elas garantiram ao Amazonas a quarta posição entre os estados da Região Norte no ranking de valor de produção, atrás apenas de Pará, Tocantins e Rondônia.

Na lavoura temporária, a mandioca segue imbatível em volume e valor: foram 760.516 toneladas produzidas, com destaque para os municípios de Manacapuru (105,6 mil t), Tefé (100,5 mil t) e Manicoré (72 mil t). Apesar de Manacapuru liderar em quantidade, Tefé obteve o maior valor de produção (R$ 105,8 milhões), seguido por Manacapuru (R$ 92,5 milhões) e Autazes (R$ 91,8 milhões).

A cana-de-açúcar ficou em segundo lugar, com 260,8 mil toneladas, quase toda concentrada em Presidente Figueiredo (247,5 mil t), que sozinho responde por mais de 95% da produção estadual. O produto movimentou R$ 381,2 milhões em 2024, com rendimento médio de 44.901 kg/ha, o mais alto entre as culturas temporárias.

A soja aparece como nova força no sul do Amazonas, com 70.057 toneladas colhidas, lideradas por Humaitá (46,8 mil t), Lábrea (12,7 mil t) e Canutama (7 mil t). A produção gerou R$ 101,6 milhões, com rendimento médio de 2.863 kg/ha.

Na lavoura permanente, a banana reafirmou seu papel estratégico como principal fruta do estado: foram 173.119 toneladas, com liderança de Manicoré (49,5 mil t), Itacoatiara (12,1 mil t) e Novo Aripuanã (10,5 mil t). O valor gerado chegou a R$ 512,3 milhões.

O açaí vem logo atrás, com 91.345 toneladas, destacando-se os municípios de Codajás (31,2 mil t), Humaitá (16 mil t) e Coari (9,4 mil t). A fruta movimentou R$ 201,9 milhões. A laranja completou o pódio, com 40.390 toneladas e R$ 98,8 milhões, impulsionada por Rio Preto da Eva (17,6 mil t) e Manacapuru (6 mil t).

Saltos e contrastes no desempenho agrícola

A PAM 2024 mostrou que o Amazonas respondeu por 0,4% da produção agrícola nacional, mas se destacou pelo dinamismo: enquanto o valor total do país caiu para R$ 783,2 bilhões, o estado cresceu para R$ 3,1 bilhões, com ganho de R$ 817,9 milhões em um ano.

Na outra ponta, os menores valores vieram de Juruá (R$ 2,1 milhões), Maraã (R$ 2,2 milhões) e Ipixuna (R$ 3,2 milhões).

Potencial agro em transformação

O avanço de culturas tradicionais como a mandioca e a banana mostra que o crescimento agrícola no Amazonas ainda é fortemente ancorado na agricultura familiar e em cadeias locais consolidadas, essenciais para a segurança alimentar regional.

Ao mesmo tempo, o surgimento de polos de soja e milho no sul do estado indica uma mudança estrutural no perfil agrícola, com expansão de commodities em áreas de fronteira agrícola como Humaitá, Lábrea e Canutama. Isso exige atenção especial quanto a impactos ambientais e logísticos, já que são regiões próximas a áreas de floresta primária e terras indígenas.

Para os especialistas, o desafio agora é aliar crescimento econômico e sustentabilidade ambiental, aproveitando o potencial agrícola para gerar renda e diversificação econômica sem comprometer os ecossistemas amazônicos.

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