Estado retoma presença na floresta com operação interagências na calha do Purus
Ibama, ICMBio, Funai e forças federais enfrentam desmatamento, pesca ilegal e garimpo em uma das regiões mais vulneráveis da Amazônia
O rio Purus é, neste mês de setembro de 2025, palco de uma das maiores operações de fiscalização ambiental do ano. Equipes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), da Polícia Federal (PF), da Força Nacional de Segurança Pública, do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam) e do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) atuam de forma integrada para enfrentar desmatamento, pesca predatória, garimpo e exploração irregular de madeira.
Batizada de Operação Interagências, a ação tem como objetivo restabelecer a presença do Estado em áreas da calha do Purus onde atividades criminosas avançaram diante da fragilidade da fiscalização.

Os esforços estão concentrados em regiões de alto valor ambiental e sociocultural, como a Reserva Extrativista do Médio Purus, a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagaçu-Purus, a Floresta Nacional de Pau-Rosa e terras indígenas como Coata-Laranjal e Maraguá-Mawé. Esses territórios, que abrigam comunidades ribeirinhas e povos indígenas, têm sido alvo frequente de ilícitos ambientais ligados ao comércio de madeira, ao avanço do garimpo e à pesca irregular.
Além da repressão direta, a presença integrada dos órgãos públicos envia um recado claro: a floresta não está entregue à própria sorte. O uso de tecnologia de monitoramento do Censipam, que integra dados de satélite e sensores remotos, permitiu identificar pontos críticos e orientar a ação em campo.

Resultados preliminares
De acordo com balanço parcial divulgado pelos órgãos participantes, a operação já resultou na aplicação de mais de R$ 1,6 milhão em multas ambientais; apreensão de R$ 163 mil em bens e equipamentos ilegais; e embargo de 27 hectares de áreas desmatadas ilegalmente.
Foram também interceptadas embarcações de pesca esportiva sem autorização, desmontadas estruturas de garimpo clandestino e recolhidos instrumentos de caça e pesca predatória.
Impacto para comunidades e meio ambiente
Para as comunidades locais, a presença do Estado tem efeito imediato: garante segurança, reduz a pressão de invasores e fortalece a possibilidade de uso sustentável dos recursos naturais. Já para o meio ambiente, a operação significa conter o avanço de frentes ilegais que, em pouco tempo, podem comprometer ecossistemas inteiros.

Especialistas destacam que o Purus, por sua extensão e importância ecológica, é considerado um termômetro ambiental da Amazônia. O combate aos ilícitos nessa calha é, portanto, estratégico para a manutenção da biodiversidade e da qualidade de vida das populações ribeirinhas.
Presença como sinônimo de soberania
Mais do que autuações e apreensões, a Operação Interagências reafirma que proteger a Amazônia é também exercer soberania nacional. Em tempos de aumento das pressões sobre a floresta — seja por grilagem, garimpo, desmatamento ou queimadas —, a ação demonstra que a integração entre órgãos federais e estaduais é essencial para garantir governança ambiental.
Fotos: Divulgação