Escola de Contas do Amazonas abre caminho para reflexão crítica com curso de Letramento Racial
Iniciativa inédita reúne servidores e sociedade civil para discutir raízes históricas do racismo e desafios contemporâneos da igualdade
A Escola de Contas Públicas (ECP) do Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM) iniciou, nesta segunda-feira (25), o curso “Letramento Racial”, uma capacitação inédita no âmbito da instituição, voltada para servidores, jurisdicionados e representantes da sociedade civil. Realizado de forma online, o curso segue até quarta-feira (27), com carga horária de 12 horas, das 8h às 12h.
Na abertura, a diretora-geral da ECP, representada pela servidora Vanessa Figliolo, destacou a relevância da iniciativa e reforçou o papel da escola como espaço de formação contínua, não apenas técnica, mas também cidadã.
A condução das aulas está a cargo da auditora de controle externo Rosenilda Freitas da Silva, especialista em gestão pública e integrante da Comissão Antirracista do TCE-AM. Para ela, o curso inaugura um novo capítulo no diálogo institucional sobre justiça racial.
“Nosso curso é sobre letramento racial, e a proposta é entender a formação das desigualdades raciais contemporâneas, com foco no processo de escravização no Brasil e seus reflexos até hoje”, explicou.
História, estatísticas e resistência
Entre os conteúdos abordados estão o impacto do colonialismo, os fundamentos do racismo estrutural e as formas de desigualdade que persistem no país. O programa também discute políticas públicas de promoção da igualdade racial e acordos internacionais que reforçam esse compromisso.
Além de estatísticas atuais sobre a população negra no Brasil, os alunos têm contato com referências bibliográficas como o “Pequeno Manual Antirracista”, da filósofa Djamila Ribeiro. As aulas também trazem reflexões sobre a escravização de povos indígenas, a resistência negra, a construção dos quilombos e o longo percurso até o abolicionismo.
Formação cidadã e compromisso institucional
Mais do que uma atividade pedagógica, o curso de Letramento Racial da ECP se afirma como um gesto institucional em defesa da memória histórica, da justiça social e da inclusão. Ao abrir espaço para servidores e sociedade civil, o TCE-AM reforça o papel de instituições públicas na construção de um Estado democrático capaz de reconhecer e enfrentar suas desigualdades.