Brasileiros se alinham com Lula diante de ataques de Trump e bolsonaristas
Pesquisa Quaest mostra que maioria da população apoia postura do presidente no episódio do “tarifaço” e rejeita narrativa do clã Bolsonaro
A mais recente pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira (20/8), revela que os brasileiros apoiam majoritariamente a postura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva diante da crise provocada pelo “tarifaço” do governo de Donald Trump. O levantamento mostra que 48% da população consideram que Lula e o PT estão corretos em sua reação aos ataques, contra 28% que endossam a posição de Jair Bolsonaro e seus aliados.
A consulta, realizada presencialmente entre os dias 13 e 17 de agosto, ouviu 2.004 pessoas em todas as regiões do país, com margem de erro de dois pontos percentuais. O dado mais contundente, contudo, está na avaliação direta sobre a conduta do ex-presidente norte-americano: 71% dos brasileiros afirmam que Trump errou ao impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, como forma de retaliação política ao processo judicial que envolve Bolsonaro.
Orgulho nacional e impacto na economia
Segundo o estudo, a narrativa de Lula, que enfatiza a soberania nacional e denuncia ingerências externas, encontra eco em grande parte do eleitorado. Para 77% dos entrevistados, as medidas impostas por Trump trarão impactos concretos na vida dos brasileiros, sobretudo no aumento do preço dos alimentos. Esse dado reforça a percepção de que a crise comercial não se limita ao campo diplomático, mas pode atingir o cotidiano das famílias.
Em termos de popularidade, o episódio também serviu de catalisador para Lula. Sua aprovação, que vinha sofrendo quedas, registrou ligeira recuperação: agora 46% avaliam positivamente seu governo, contra 51% de desaprovação — uma melhora no saldo negativo que vinha se consolidando ao longo do ano.
Bolsonaro e a rejeição popular
Na contramão, Bolsonaro e seus filhos, em especial o deputado Eduardo Bolsonaro, aparecem com altos índices de rejeição. De acordo com a Quaest, 69% dos brasileiros acreditam que Eduardo age motivado por interesses pessoais e familiares nos Estados Unidos, e não em defesa do Brasil. Apenas 23% consideram que ele representa os interesses nacionais.
O contraste entre os dois campos políticos é nítido: enquanto Lula conseguiu mobilizar apoio em torno da defesa do país diante da ofensiva de Trump, os Bolsonaros são percebidos como agentes de desestabilização, alinhados a pautas externas que não refletem os interesses brasileiros.
Um recado político além das fronteiras
O resultado da pesquisa deixa claro que a população brasileira não vê com bons olhos tentativas de transformar disputas judiciais em palanque internacional. A condenação a Trump e a rejeição ao clã Bolsonaro reforçam a ideia de que, mesmo em tempos de polarização interna, há consenso sobre a importância da soberania nacional.
O episódio também coloca em evidência um ponto sensível: como equilibrar a inserção global do Brasil com a necessidade de se blindar contra pressões políticas externas. Nesse campo, Lula parece ter conquistado vantagem, ainda que provisória, ao encarnar o papel de líder que defende o país contra ingerências estrangeiras.