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Arara-canindé recebe prótese em cirurgia inédita no Tocantins

Procedimento realizado pelo Naturatins e Ulbra reforça compromisso com a preservação da fauna e o combate ao tráfico de animais

Em um gesto que simboliza inovação científica e respeito à vida silvestre, uma arara-canindé (Ara ararauna) recebeu uma prótese no membro pélvico esquerdo após cirurgia realizada na terça-feira (19), em Palmas, pelo Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), em parceria com o Hospital Veterinário da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra). O procedimento, considerado inédito no estado, reforça a importância da reabilitação de animais vítimas de maus-tratos e do tráfico de fauna.

A ave foi resgatada na semana passada pela equipe do Centro de Fauna do Tocantins (Cefau), apresentando fratura antiga no joelho, atrofia muscular severa e sinais de automutilação. A avaliação clínica e os exames radiográficos confirmaram a impossibilidade de recuperação natural, levando à decisão pela amputação transfemoral e implantação de uma prótese osseointegrada com pino medular, adaptada especialmente para o animal.

A cirurgia, realizada sob anestesia geral, representa um avanço no manejo de animais silvestres no Brasil, ao associar técnicas modernas de ortopedia veterinária à preservação ambiental. Agora, a arara segue em recuperação, recebendo cuidados intensivos e acompanhamento de adaptação à nova prótese. Após o processo de reabilitação, será acolhida na unidade do Cefau.

Defesa da fauna e combate ao tráfico

A iniciativa evidencia o papel crucial do Cefau, administrado pelo Naturatins, que atua tanto na assistência a animais resgatados quanto na educação socioambiental da população. A região Norte, particularmente a Amazônia e o Cerrado, sofre com a pressão do tráfico de animais silvestres, atividade ilegal que coloca em risco espécies como a arara-canindé — frequentemente alvo da captura para comércio clandestino.

Um símbolo de resistência ambiental

Mais que um caso clínico, a prótese na arara-canindé é símbolo de resistência e da necessidade de políticas públicas firmes na proteção da biodiversidade. O gesto reafirma que cada vida importa e que a ciência, quando aliada à preservação, pode devolver dignidade a espécies vítimas da exploração humana.

Ao devolver mobilidade à arara, o Tocantins envia um recado potente: cuidar da fauna é cuidar da própria identidade amazônica e brasileira.

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