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Arte no Busão transforma ônibus de Manaus em galerias sobre rodas

Projeto leva obras de artistas amazônidas ao transporte coletivo e democratiza o acesso à cultura

Manaus vive, desde esta semana, uma experiência cultural inédita: o Arte no Busão. A iniciativa, promovida com recursos da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB) via CONCULTURA, selecionou dez artistas visuais do Amazonas para estampar suas obras na traseira de coletivos que circulam por todas as zonas da capital. Mais que uma intervenção estética, o projeto é um gesto de inclusão e representatividade, que leva a arte diretamente ao cotidiano de milhares de passageiros.

Com linhas percorrendo bairros distantes e áreas centrais, as obras ganham visibilidade em rotas que ultrapassam os limites geográficos e sociais da cidade. Os trabalhos de Margem do Rio, Gabi Mescarello, Juan Carvalho, Raquel Teixeira, Dani Maresia, Dayane Cruz, Turenko, Arquimago, Diogo Trindade e Denis LDO agora se movimentam pelas ruas, conectando a produção artística amazônida a públicos que, muitas vezes, estão longe de espaços culturais formais.

Cultura em movimento e para todos

A proposta rompe a barreira física que separa a arte do público. Em uma região onde 70% dos municípios estão a pelo menos uma hora de distância de um museu ou centro cultural, segundo o IBGE, transformar ônibus em galerias é uma forma eficaz de descentralizar a cultura e provocar novas percepções no dia a dia.

A curadora Sarah Campelo define o projeto como um convite à cidade: “O ônibus é um meio que move corpos diariamente. Queremos ampliar o acesso à arte, principalmente às obras produzidas por artistas amazonenses, e ocupar o espaço urbano como lugar de diálogo e reflexão”.

Representatividade e identidade visual

O edital priorizou a participação de artistas de grupos historicamente minorizados, como mulheres, pessoas negras, indígenas, LGBTQIAPN+ e pessoas com deficiência. Essa diversidade se reflete na estética e nas narrativas visuais, que vão da memória afetiva à crítica social.

Para Diogo Trindade, cuja obra circula na linha 219, a experiência é também pessoal: “Essa é a linha que fazia parte da minha infância. É emocionante saber que minha arte agora percorre esse caminho todos os dias”.

O Arte no Busão prova que democratizar a cultura é possível quando se ocupa o espaço público com propósito e sensibilidade. Ao transformar o transporte coletivo em plataforma artística, Manaus reafirma que a arte não precisa estar confinada a paredes de museus para emocionar, provocar e inspirar.

Fotos: Divulgação

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