BNDES financia nova frota fluvial e aposta em logística sustentável na Amazônia
Investimento de até R$ 384 milhões permitirá a construção de 60 balsas e dois empurradores, ampliando o escoamento de grãos e reduzindo emissões de carbono
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou um financiamento de R$ 345 milhões, via Fundo da Marinha Mercante (FMM), para a construção de 60 balsas graneleiras e dois empurradores fluviais. Produzidas em estaleiros da região Norte, incluindo Manaus, as embarcações vão reforçar o transporte de grãos pelo corredor logístico Madeira–Amazonas, considerado um dos principais eixos de integração do agronegócio brasileiro.
Este é o primeiro aporte do FMM com ênfase em descarbonização da frota naval, prevendo até 88,4% de redução nas emissões de CO₂ com menor necessidade de viagens e uso de biodiesel nos empurradores. A nova frota seguirá o padrão Mississippi: 46 balsas do modelo Box, com capacidade para 2.390 toneladas cada, e 14 do modelo Raked, com capacidade de 2.200 toneladas. Os empurradores terão propulsão azimutal e potência de 2.000 kW, tecnologia adaptada ao baixo calado dos rios amazônicos.
Infraestrutura estratégica para o agronegócio
Com a entrada em operação das embarcações, a capacidade de carga deve aumentar em cerca de 35%, reduzindo custos operacionais e atendendo à demanda projetada para os próximos dez anos no escoamento de grãos do Centro-Oeste pelo Norte. Cada balsa pode substituir o transporte de até 60 caminhões por viagem, diminuindo a pressão sobre as rodovias e os custos de exportação.
O projeto, liderado pela Hermasa Navegação da Amazônia Ltda. — empresa controlada pela Amaggi —, tem valor total estimado em R$ 384 milhões, incluindo investimentos complementares da companhia.
Geração de empregos e fortalecimento regional
Durante a fase de construção e operação, a iniciativa deve gerar 355 empregos diretos, movimentando a cadeia produtiva local e fortalecendo a indústria naval no Amazonas. Para o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, a medida marca a retomada da chamada “economia azul”, com foco em sustentabilidade e inovação tecnológica na logística hidroviária.
Já o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, destacou que o investimento é parte da estratégia do governo de revitalizar a indústria naval brasileira e reduzir as emissões de gases de efeito estufa no setor de transporte.
Impacto ambiental e social
Além de melhorar a eficiência logística, a adoção de embarcações mais modernas e o uso de biodiesel representam um avanço na transição energética do setor. Para especialistas, a navegação fluvial é hoje a alternativa mais viável para enfrentar gargalos no escoamento de grãos e diminuir a dependência do transporte rodoviário, historicamente mais caro e poluente.
A aposta no corredor Madeira–Amazonas reforça o papel estratégico do Amazonas e de outros estados do Norte como elos fundamentais do agronegócio brasileiro, ampliando a integração regional e gerando oportunidades para a indústria local.
Com esse projeto, o BNDES sinaliza que a logística amazônica pode ser protagonista na agenda de sustentabilidade e competitividade do Brasil, conciliando eficiência econômica, inclusão produtiva e redução de impactos ambientais.
Da redação