Bioeconomia ganha força em Manaus com cúpula internacional no final de julho
Bioeconomy Amazon Summit conecta ciência, capital e startups para transformar floresta em economia sustentável
Manaus recebe nos dias 30 e 31 de julho o Bioeconomy Amazon Summit, evento que reúne cerca de 300 lideranças empresariais, acadêmicos e investidores das Américas, Europa e Ásia. O encontro tem como objetivo articular projetos de bioeconomia inovadora — uso de produtos amazônicos com menor impacto ambiental — e já soma mais de 50 startups regionais inscritas.
Até 2024, a bioeconomia respondia por cerca de 2,2% do PIB do Amazonas, segundo o IBGE. Esse percentual pode dobrar até 2030 com iniciativas que agreguem valor a frutas, sementes e óleos da flora regional, segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV). A previsão é de um crescimento médio anual de 15%, alavancado por linhas de financiamento verde como o Fundo Amazônia.
Durante o evento, serão discutidos temas como financiamento climático, a partir de mecanismos do BID e BNDES para projetos verdes, incluindo fundo de US$ 250 milhões via BB Amazônia; casos de sucessos, como o das startups Taputá Bio e Ukã, que representam produtos cosméticos com taperebá e açaí com certificação orgânica. Além de parcerias científico–empresariais, com universidades federais e Embrapa apresentarão linhas de pesquisa em biofármacos e inseticidas naturais.

Vozes do setor
A ex-ministra do Meio Ambiente e consultora da ONU, Marina Silva, participará por videoconferência sobre o potencial global da bioeconomia amazônica. O CEO da Taputá Bio, Wallace Silva, projeta faturamento de R$ 10 milhões até 2026, 40% acima da meta atual. “Falta escala, não falta matéria‑prima. O capital precisa chegar junto da inovação”, diz.
A secretária de Estado de Ciência, Tecnologia e Economia Criativa, Lídia Pinheiro, afirma que o evento será um divisor de águas: “O Summit vai aproximar os agentes do setor privado, instituições financeiras e a academia — um passo decisivo para saiu do discurso ao mercado real. Amanhã os principais projetos saem daqui”.
Desafios e oportunidades
Apesar do potencial, persistem entraves como a burocracia ambiental torna licenciamento lento; infraestrutura insuficiente, como falta de laboratórios e logística e ausência de certificação orgânica em larga escala; e ausência de incentivos tributários, embora o governo federal já avalie “incentivos para produtos de origem sustentável”.
Caso os entraves sejam superados, a previsão é triplicar o faturamento da bioeconomia até 2030 e gerar cerca de 35 000 novos empregos locais, de acordo com projeção da FGV.
Fotos: Divulgação