CULTURA & EVENTOSDESTAQUE

Temporada junina em Manaus reúne tradição, resistência e festa que se estende até agosto

Da alma nordestina das quadrilhas da periferia ao brilho dos arraiais do Centro — a cultura pulse em Manaus sem rivalizar com Parintins

Quando junho chega, Manaus se veste de bandeirolas e fogueiras — mas nem por isso a festa termina em 30. Sob o céu tropical, os arraiais seguem até julho e, em muitos casos, até agosto, desfazendo a ideia de que a única grande concorrência fosse o icônico festival de Parintins — um dilema do passado. Hoje, é nos bairros e centros culturais que a animada disputa pelos melhores forrós e quadrilhas acontece, especialmente em meados de julho.

A maioria dos manauaras carrega sangue nordestino (do Ceará, Pernambuco, Bahia…) e trouxe consigo o São João, Santo Antônio e São Pedro. Essa tradição germina nas periferias, onde grupos como Caipira na Roça, do Alvorada, fundado em 1975, seguem firmes. Os brincantes bancam transporte e água para ensaiar e brilhar — o que chega a São Luís em 2017 foi possível com apoio de passagens simbólicas da cultura local.

Arraiais longos, raízes profundas

Circuito Folclórico nos Bairros: de 23 de junho a 25 de agosto, com cerca de 31 arraiais em bairros como Praça 14, Furtado, Redenção e Cidade de Deus — eventos semanais nas sextas, sábados e domingos, sempre a partir das 17h/18h.

Festivais “julinos”: em julho, pelo menos 12 arraiais pontuam zonas Norte, Sul, Leste e Oeste, com quadrilhas, comidas típicas e roda de forró.

Programação destacada

🎉 Programação Junina 2025 – Manaus

De junho a agosto, a cultura pulsa nos bairros e centros da cidade

🗓️ Junho (início dos arraiais)

Festival Folclórico do Amazonas

Local: Centro Cultural Povos da Amazônia (Av. Silves, Distrito Industrial)

Datas: até 21 de junho

Horário: a partir das 19h30

Entrada: gratuita

O evento reuniu mais de 130 apresentações entre quadrilhas, cirandas e bois mirins.

Arraiá do CSU do Parque 10

Local: Complexo Social Urbano – CSU do Parque 10 (Av. Perimetral)

Datas: 5 de junho a 6 de julho

Horário: das 18h à meia-noite

Entrada: gratuita

Reúne quadrilhas, feira gastronômica e parque de diversões.

Arraiá da Alegria (Shopping ViaNorte)

Local: Estacionamento do Shopping Manaus ViaNorte (Santa Etelvina, Zona Norte)

Datas: até 29 de junho (quinta a domingo)

Horário: das 18h à meia-noite

Entrada: gratuita

Quadrilhas, artistas locais e comidas típicas.

🗓️ Julho e agosto (arraiais prolongados)

Circuito Folclórico nos Bairros

Local: bairros como Praça 14, Furtado, Redenção, Cidade de Deus, Compensa II, Cachoeirinha, Zumbi, Cidade Nova

Datas: julho a 25 de agosto

Horário: sextas, sábados e domingos, a partir das 17h/18h

Cerca de 31 eventos gratuitos com quadrilhas, cirandas e comidas típicas.

Festival de Ciranda de Manacapuru

Local: Parque do Ingá (Manacapuru, Região Metropolitana)

Datas: último fim de semana de agosto

Entrada: gratuita

Evento cultural que atrai cerca de 60 mil pessoas, com apresentações de cirandas locais.

Festivais julinos (julho): Praça 14, Redenção, Cidade de Deus, Compensa II, Cachoeirinha, Zumbi, Cidade Nova, entre outros — programação intensa de fins de semana.

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Fé, cultura e pertencimento

O ciclo se abre em 13/6 (Santo Antônio), segue em 24/6 (São João) e culmina em 29/6 (São Pedro) — mas, como a festa insiste, deságua em julho e agosto, reforçando tradição, religiosidade e comunhão comunitária.

A festa não depende de rivalidades

O icônico festival de Parintins — sucesso no final de junho — hoje não arrefece o ânimo junino em Manaus. Pelo contrário: os eventos de julho, espalhados pelas comunidades, passaram a ser os mais concorridos, com plateias entusiasmadas, quadrilhas competitivas, som nas barracas e cheiro de milho que dura mais de mês.

Manaus, assim, revela sua face junina: feita de memórias de migração, de coletivos que trabalham por paixão, de resistência cultural e arrasta-pé que começa em junho e só vai parar quando o coração amazônico ainda quiser cantar e dançar — marcando passos no chão, riscando fogueiras no céu e mantendo viva a chama da tradição até além de agosto.

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